segunda-feira, 8 de abril de 2013

KARTLOS (? - ? a.C.)

Kartlos (georgiano: K’art’losi, ქართლოსი) é o ancestral epônimo dos georgianos (kartvelebi em seu próprio idioma) na mitologia georgiana, mais especificamente da nação de Kartli (a Ibéria Caucasiana). Kartlos foi introduzido nas crônicas medievais georgianas (Kartlis Cxovreba), supostamente registradas a partir da tradição oral por Leonti Mroveli no século XI. A lenda conta que ele era um filho de Targamos (identificado com o personagem bíblico Togarma, neto de Noé, Gênesis 10:3) e, portanto, irmão de Haos, Movakos, Lekos, Heros, Kavkasos e Egros de quem outros povos caucasianos se originaram. 
File:Thargamosids.JPG
Targamos e seus filhos
 De acordo com os escritos medievais Crônicas da Geórgia de Leonti Mroveli e a História da Armênia de Moisés de Chorene, Togarma/Targamos, filho de Jafé, e neto de Noé, viveu na Babilônia, que recebeu a terra entre dois mares (Mar Negro e do Mar Cáspio) e duas montanhas (Monte Elbrus e o Monte Ararate) como sua possessão, quando as pessoas começaram a divisão de terras e houve migração em diferentes partes do mundo. Ele, então, estabeleceu-se perto Monte Ararate e dividido sua terra entre seus filhos:

 Haos – Equivalente ao epônimo armênio Haik (Հայք), primeiro filho de Togarma, herdou o Monte Ararate e fundou a nação armênia; 
Kartlos – Assentou-se no nordeste de Ararate e foi o fundador da Kartli (Sa'kartvelo) que uniu outros irmãos e fundou a nação georgiana; 
Bardos – Ancestral dos shrivanes; 
Movakos – Ancestral dos movkanos; 
Lekos - Ancestral do povo lak estabelecido nas montanhas do Cáucaso; 
Heros – Ancestral do povo herano que se estabeleceu na parte oriental do Ararate; 
Kavkasos ou Caucas – Assentou-se para além da cordilheira do Cáucaso;
 Egros – Epônimo do reino de Egresi (ou Lazica) entre o Mar Negro e a cordilheira Likhi (oeste da Geórgia). 
Haos e Kartlos
Kartlos, epônimo dos kartvelebi (iberos na designação clássica greco-romana) uniu seu povo para tornando-se seu líder e fundou a cidade de Kartli. A Crônica de Kartli relata que Kartlos teve várias esposas e vários filhos. A mesma fonte diz que sua família era grandemente numerosa. Os filhos de Kartlos são listados como: Mtskhetos, Gardabos, Kakhos, Kukhos, Gachios, Uphlos, Odzrkhos, Javakhos, os epônimos fundadores das regiões históricas da Ibéria/Geórgia: Mtskheta, Gardabani, Kakheti, Kukheti, Gachiani, Uplistsikhe, Odzrkhe, e Javakheti.


FONTES:

HISTÓRIA - PARTE III

A Ibéria Repartida
Em 580, o rei persa Ormisdas IV (578-590) abole a monarquia após a morte do Rei Bakur III, e a Ibéria torna-se uma província persa governada por um marzpan (governador de fronteira). Os nobres iberos exortam ao imperador bizantino Maurício a recriar o reino da Ibéria em 582, mas em 591, os bizantinos e a Pérsia fazem um acordo e repartem a Ibéria, com Tbilisi para os persas e Mtskheta para os bizantinos. Sendo assim, no início da Idade Média, Ibéria/Kartli perdeu sua importância política. Mesmo assim, de certa forma, manteve-se como líder da área da futura Geórgia devido à independência de sua Igreja e à cultura devida à influência bizantina. Ibéria/Kartli foi parte de um Reino Georgiano na Idade Média central. A Geórgia foi unificada no início do século XI mas Tbilisi, a principal cidade de Kartli, só foi liberada em 1122. Posteriormente, a capital da Geórgia foi transferida de Kutaisi para Tbilisi. Após a desintegração do Reino unido no século XV, Ibéria/Kartli tornou-se um Reino independente, que sofreu frequentes invasões persas. Em 1762, o Reino de Kartli foi unido com o adjacente Reino de Kakheti. Este reino também foi logo enfraquecido pela agressão persa. Em 1801 o reino de Kartli-Kakheti foi anexado ao Império Russo.
Em 1762, os reinos de Kartli e Kakheti foram unidos sob Erekle II.
Kartli foi parte de uma República Democrática da Geórgia independente entre 1918 e 1921, da RSFS Transcaucasiana entre 1922 e 1936 (cuja capital era Tbilisi, a principal cidade da província e da Geórgia), e da RSS da Geórgia entre 1936 e 1991. Após a desintegração da URSS em 1991, Kartli é parte da República da Geórgia, a maior e mais populosa província da Geórgia Oriental, e Tbilisi, a principal cidade de Kartli, é a capital da nação. Além de Tblisi, a província de Kartli é dividida em três regiões administrativas: Kvemo Kartli (cuja capital é Rustavi), Mtskheta-Mtianeti (capital: Mtskheta) e Shida Kartli (capital: Gori). A última região oficialmente inclui o distrito histórico de Samachablo, cuja maior parte da população é de ossetas desde o século XVIII, e que possuia o status de distrito autônomo dentro da República da Geórgia durante o período soviético (1922-1991). Desde a guerra civil osseto-georgiana em 1991-1992, este distrito, agora conhecido como Ossétia do Sul, é um estado independente de fato, embora nenhuma nação reconheça oficialmente sua soberania, exceto a Rússia. A Abecásia, no norte da Geórgia, também proclamou sua independência da Geórgia, o que é reconhecido por alguns países, mas não pela ONU.
O antigo reino da Ibéria/Kartli: hoje importante província da
República da Geórgia, onde se situa sua capital, Tbilisi.

FONTES:
Wikipédia, a enciclopédia livre. Versões utilizadas: português, espanhol, inglês e e francês.
http://en.wikipedia.org/wiki/Caucasian_Iberia
http://es.wikipedia.org/wiki/Iberia_cauc%C3%A1sica
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ib%C3%A9ria_(C%C3%A1ucaso)
http://fr.wikipedia.org/wiki/Royaume_d%27Ib%C3%A9rie
http://en.wikipedia.org/wiki/Caucasian_Iberians
Georgian Kingdoms in the Late Antique Period. (the IV cen. B.C. - V cen.). Disponível em:www.parliament.ge
http://en.wikipedia.org/wiki/File:Georgian_States_Colchis_and_Iberia_(600-150BC)-en.svg
http://pt.wikipedia.org/wiki/Abec%C3%A1sia

HISTÓRIA - PARTE II

A Intervenção Armênia
Ao fim do II século a.C., o rei Parnajom foi deposto por seus súditos e a coroa foi oferecida ao príncipe armênio Arshak (ou Arsaces) que ascendeu ao trono iberiano em 93 a.C. iniciando a dinastia dos Artashesiani (Artaxíadas) que governou o país por cerca de 60 anos. A Ibéria perdeu muitos territórios para a Armênia, que exercia notável influência na região. Durante o reinado do rei armênio Tigranes II, o Grande, a Ibéria foi arrastada para os conflitos entre a República Romana e o Reino do Ponto, cujo monarca, Mitrídates VI, era genro de Tigranes. Assim, os  iberos auxiliaram os pônticos e os armênios contra os romanos. Os escritores romanos Plutarco e Licínio Macer mencionam com destaque contingentes de iberos nas batalhas de Tigranocerta (69 a.C.) e Artaxata (68 a.C.). Não obstante, os romanos prevaleceram sobre seus inimigos.
File:Caucasus 80 BC map de.png
A Ibéria por volta de 80 e 66 a.C.

A Intervenção Romana
Quando da invasão da Armênia pelas tropas romanas comandadas por Pompeu (106-48 a.C.) em 65 a.C., Roma não estabeleceu seu domínio sobre a Ibéria, não obstante esta ter sofrido a invasão dos exércitos romanos. O rei ibero Artag continuou a oferecer certa resistência aos romanos, mas derrotado fez um acordo de paz. Porém, em 36 a.C., quando os romanos lutaram contra o reino da Albânia (no Cáucaso, não confundir com a moderna Albânia nos Balcãs) marcharam sobre a Ibéria e constrangeram o Rei Parnavaz II a uma aliança contra o reino da Albânia.
Acima, Ponte de Pompeu em Mtskheta, Georgia

Quando o vizinho reino da Cólquida foi transformado em província romana (69 d.C.), a Ibéria aceitou o protetorado do Império Romano. Uma inscrição em pedra descoberta em Mtskheta fala do rei Mihdrat (58-106 d.C.) como "o amigo dos Césares" e “rei dos iberos que amavam os romanos." O imperador Vespasiano (69-79) fortificou o antigo sítio de Armazi em Mtskheta em 75 d.C. para os reis ibéricos.
File:Armazi Palace.jpg
Ruínas do século I a.C. do palácio de Armazi 
Nos anos seguintes os romanos continuaram a exercer sua influência sobre os iberos, porém a partir do Rei Farasmanes II (ou P'arsman) (116 – 132) a Ibéria retoma seu antigo poder. As relações entre o imperador Adriano (76-138) e Farasmanes II foram tensas, embora Adriano tentou apaziguar-se com o rei ibero. No entanto, foi apenas sob o sucessor do Adriano, Antonino Pio (86-161), que relações melhoraram, ao ponto de, segundo o historiador Dio Cássio (155-229), Farasmanes ter visitado Roma, onde uma estátua foi erigida em sua homenagem. O período levou a uma mudança importante no estatuto político do Reino da Ibéria agora reconhecido como um aliado de Roma, em vez de seu antigo estatuto como um Estado submisso; a nova situação política manteve-se mesmo durante as hostilidades do Império com os partos, cujo reino era vizinho da Ibéria.

A Intervenção Sassânida
O ressurgimento do Império Persa sob a dinastia dos Sassânidas em 224 pôs fim ao reino dos partos e sendo um Estado forte e centralizado atuou no sentido de que a Ibéria mudasse sua orientação política e fosse deixando a influência romana. Sendo assim, sob o rei persa Sapor I (241-272), a Ibéria pagava tributos à Pérsia. Não obstante, a relação dos dois reinos era amigável, a ponto da Ibéria ajudar os persas em suas campanhas contra os romanos. O rei ibero Amazasp III (260-265) é considerado pelos sassânidas como um alto dignitário do reino persa, não como um rei vassalo submetido pela força das armas. A religião oficial da Pérsia, o Zoroastrismo, foi difundida na Ibéria entre 260 e 290 d.C. A paz de Nisibis (apaziguamento das hostilidades entre persas e romanos) em 298 d.C. reconhece o domínio romano sobre a região do Cáucaso e Roma reconhece o Rei Mirian III, da dinastia dos Coisroidas, como rei da Ibéria.
File:Caucasus 300 map alt de.png
A Ibéria no ano 300 d.C.

A Ibéria Cristã
A predominância da influência do Império Romano do Oriente (Bizantino) sobre a Ibéria se torna crucial após a conversão do Rei Mirian III ao Cristianismo derivada, possivelmente, do trabalho evangelizador realizado por santa Nino da Capadócia em 303. O Cristianismo trouxe grande impacto na cultura ibérica além de manter o reino mais ligado aos romanos.
Túmulo do rei Mirian III e da rainha Nina na igreja ortodoxa de Samtavro
Entretanto, após a derrota dos romanos para os persas em 363, Roma cede o controle da Ibéria novamente à Pérsia. Desta vez, o rei ibero Varaz-Bakur I (Asphagur) (363-365), não é mais um alto dignitário, mas um vassalo dos persas após a Paz de Acilisene em 387. O rei Farasmanes IV (406-409) preservou a autonomia de seu país e cessou de pagar tributos à Pérsia. Após sua morte, os reis persas impõem sobre a Ibéria um vice-rei persa hereditário (o Pitiarca, derivado do termo persa pitiaxae) e o Zoroastrismo como religião oficial junto com o Cristianismo, sem obter muito sucesso entre a gente comum. Sob o reino de Vakhtang I (447-502) a Ibéria atravessou um breve período de reavivamento monárquico. Formalmente vassalo dos persas, o rei investiu contra povos caucasianos do norte e os submeteu à Ibéria. O rei ibero funda uma nova capital, Tbilisi, e inicia uma desesperada guerra pela independência que dura vinte anos. O rei morre em batalha em 502 e a Ibéria volta ser submetida à Pérsia.
File:Ge iberia350.png
A Ibéria sob Vakhtang I
FONTES:
Wikipédia, a enciclopédia livre. Versões utilizadas: português, espanhol, inglês e e francês.
http://en.wikipedia.org/wiki/Caucasian_Iberia
http://es.wikipedia.org/wiki/Iberia_cauc%C3%A1sica
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ib%C3%A9ria_(C%C3%A1ucaso)
http://fr.wikipedia.org/wiki/Royaume_d%27Ib%C3%A9rie
http://en.wikipedia.org/wiki/Caucasian_Iberians
Georgian Kingdoms in the Late Antique Period. (the IV cen. B.C. - V cen.). Disponível em:www.parliament.ge
http://en.wikipedia.org/wiki/File:Georgian_States_Colchis_and_Iberia_(600-150BC)-en.svg
http://en.wikipedia.org/wiki/Pompey%27s_Georgian_campaign
http://en.wikipedia.org/wiki/Vakhtang_I_Gorgasali
http://en.wikipedia.org/wiki/Artaxiad_dynasty_of_Iberia

quinta-feira, 22 de abril de 2010

HISTÓRIA - PARTE I

Ibéria (ou Ivéria, ივერია no alfabeto georgiano) era o nome com que os antigos autores greco-romanos designavam o antigo reino de Kartli que ficava na região do Cáucaso hoje ocupada pela República da Geórgia (em georgiano Sakartvelo). O termo Ibéria Caucasiana (ou Ibéria Oriental) é usado para distingui-la da Península Ibérica, onde os países atuais de Espanha, Portugal e Andorra estão localizados. Os iberianos forneceram uma base para um posterior Estado georgiano e junto com a Cólquida (antigo estado no oeste da Geórgia) formaram o núcleo do moderno povo georgiano (ou kartvelebi). Não foi um reino poderoso, mas teve seu esplendor e sua importância como aliado do Império Romano e por ser o berço da moderna Geórgia.
File:Georgian States Colchis and Iberia (600-150BC)-en.svg
O reino da Ibéria em várias fases de sua história

Etimologia
A origem do nome não é clara. A região era habitada por várias tribos aparentadas entre si, principalmente os moschi e os sasper que acabaram por constituir (dentre outros) o reino de Kartli, cujo nome é uma referência ao nome de seu mítico chefe e fundador, Kartlos. Segundo alguns estudiosos, Kartli deriva de Kartu, lugar vedado, fechado. A denominação estrangeira Geórgia, utilizada por grande parte das línguas do mundo, vem do persa گرجی (Gurji), por intermédio do árabe Jurj. O termo persa-arábico parece indicar o país como "terra dos lobos". Este por sua vez sofreu influência do prefixo grego γεωργ- (geōrg-), o que levou a se acreditar que o nome derivaria do seu santo padroeiro, São Jorge, ou do termo grego para cultivar, γεωργία (gueōrguía). Uma teoria sobre a etimologia do nome Iberia, proposta por Giorgi Melikishvili, é que o nome seja derivado das designações contemporâneas no idioma armênio para Geórgia: Virk’ (Վիրք) e Ivirkʿ (Իվիրք) e Iverkʿ (Իվերք), que por sua vez foram conectadas a palavra Sver (ou Svir), a designação kartveliana para os georgianos. A letra "s", neste caso serviu como um prefixo para a raiz da palavra Ver (ou Vir). Por conseguinte, seguindo a teoria Ivane Javakhishvili, a designação étnica de Sber, uma variante de Sver, foi derivada da palavra Hber (Hver, e daí Iberia) e as variantes em armênio, Veria e Viria. De acordo com outra teoria, o nome Ibéria é derivado de da palavra colquiana Imer, que significa "país do outro lado da montanha", montanha essa que seria a cordilheira Likhi, que separava os reinos da Cólquida e da Ibéria um do outro. Há a teoria de que o nome Ibéria, que os antigos autores greco-romanos aplicaram ao reino de Kartli, deriva do nome do povo Sasper (=> Speri => Hberi =>Iberi).
File:Starii Suramskii pereval.jpg
Região do passo Velho Surami, na cordilheira Likhi (Geórgia), que separava os antigos reinos da Cólquida e da Ibéria


Primórdios
A área foi habitada em tempos mais remotos por diversas tribos aparentadas na chamada cultura Kura-Araxes, chamados coletivamente iberos (os iberos orientais) por autores antigos (iberoi nas fontes gregas). Os moradores chamaram seu país de Kartli, por causa de um chefe mítico, Kartlos, epônimo das tribos da região. A presença dos iberos na região é historicamente identificável por vários milênios. As tribos ibéricas eram um povo nativo da região do Cáucaso, unidos por uma língua comum, a ancestral do grupo de línguas ibero-caucasianas. Os moschi, mencionados por vários historiadores clássicos, e seus possíveis descendentes, os saspers (que foram mencionados pelo célebre historiador grego Heródoto), podem ter desempenhado um papel crucial na consolidação das tribos que habitavam a área. Os moschi migraram para o noroeste e sua principal tribo deu nome a capital do reino: Mtskheta.
A antiga Mtskheta e as cidadelas de Armazi e Tsitsamur

A atual Mtskheta
Situada na junção dos rios Mtkvari e Aragvi, Mtskheta estava estrategicamente situada entre os mares Cáspio e Negro, entre a Europa e a Ásia. Os autores medievais georgianos designam o primeiro assentamento ibero com o nome de Arrian-Kartli, sob o governo persa da dinastia aquemênida. Após isso, foram governados por um príncipe local conhecido pelo título de Mamasakhlisi ("o pai de família"). Outras fontes atribuem a fundação do reino a um tal de Azo que teria sido um general de Alexandre, o Grande (356-326 a.C.) que exterminou a dinastia local e conquistou o território, sendo expulso posteriormente pelo kartli Parnavaz (ou Farnazaz) I (299-234 a.C.). Parnazaz I (tido como primeiro rei de fato da Ibéria) ampliou os domínios do reino, reformou a língua escrita e a administração; seus descendentes levaram a Ibéria a um período de prosperidade e esplendor, apesar das inúmeras guerras travadas contra invasores. Destas guerras, por fim, a Ibéria acabou por ceder algumas de suas províncias meridionais aos reinos da Armênia e da Cólquida de onde surgiram alguns principados independentes, os Sceptuchoi.
A Ibéria no século II a.C.


FONTES:
Wikipédia, a enciclopédia livre. Versões utilizadas: português, espanhol, inglês e e francês.
http://en.wikipedia.org/wiki/Caucasian_Iberia
http://es.wikipedia.org/wiki/Iberia_cauc%C3%A1sica
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ib%C3%A9ria_(C%C3%A1ucaso)
http://fr.wikipedia.org/wiki/Royaume_d%27Ib%C3%A9rie
http://en.wikipedia.org/wiki/Caucasian_Iberians
Georgian Kingdoms in the Late Antique Period. (the IV cen. B.C. - V cen.). Disponível em:www.parliament.ge
http://en.wikipedia.org/wiki/File:Georgian_States_Colchis_and_Iberia_(600-150BC)-en.svg
http://en.wikipedia.org/wiki/Surami_Pass
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/5/59/Aragvi-mtskheta.jpg
http://www.twcenter.net/forums/showthread.php?570981-Kingdom-of-Kartli-(-Caucasian-Iberia-)

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

BAKUR III (?-580)

Bakur III (em georgiano ბაკურ III e conhecido na forma latinizada Bacurius) foi o último rei da dinastia Cosróida da Ibéria e o último rei da Ibéria em sua unidade e continuidade original antes da abolição da monarquia pelo xá da Pérsia (Império Sassânida). Bakur III sucedeu seu pai,  Frasmanes VI. A data da sua ascensão ao trono é desconhecida, mas governou como contemporâneo de Hormizd IV(578-590) xá persa do Irã. As Crônicas georgianas dão lhe um reinado de treze anos e o descreve como "um bom cristão e um construtor igrejas" e afirma que multiplicou sacerdotes no seu reino. A autoridade de Bakur foi um muito limitada e estendeu-se pouco além da sua fortaleza em Ujarma enquanto a capital Tbilisi e a Ibéria Interior (Shida Kartli) foi governada diretamente pelo Sassânidas. 
Picture
ruínas da fortaleza de Ujarma
Quando ele morreu em 580, Hormizd IV aproveitou a oportunidade para abolir a realeza na Ibéria sem resistência dos nobres a princípio. A Ibéria torna-se efetivamente uma província persa governada por um marzpan (governador). Bakur III deixou um filho, Adarnase, conhecido como Adarnase I da Ibéria, que era éristhav de Kakheti. Em algum momento entre 637 e 642, Adarnase ajudou o exército bizantino em sua luta contra os persas e foi feito príncipe da Ibéria pelo imperador Heráclio.
Arquivo: Adarnase orando antes de Jesus Cristo - Jvari Mosteiro bas relief.JPG
Revelo do século VII retratando Adarnase orando diante de Jesus Cristo
Um ramo da família real descendente de Vakhtang Gorgasali (447-522) por meio de seu filho Leo continuou no principado de Javakheti. Guaram I, filho de Leo, que já exercia forte atividade anti-persa antes da queda da Ibéria, vai ser nomeado curopalates (príncipe vassalo) do Império Bizantino pelo imperador Maurício. O curopalato da Ibéria vai prosseguir sob os bizantinos, persas e árabes e junto com outros povos dará origem a reinos que posteriormente formarão a Geórgia.
O reino da Ibéria e o curopalato da Ibéria



FARASMANES VI (561-?)

Farasmanes VI nome latinizado de Parsman VI (em georgiano ფარსმან VI), era sobrinho de seu predecessor e neto do rei Bakur II (534-547). As crônicas medievais georgianas lhe dão um incerto reinado de treze anos  usualmente datado como tendo início em 561. Farasmanes VI é descrito como um cristão que trabalha para embelezar as igrejas. Foi sob seu governo após a morte do patriarca Tchirmag foram nomeados sucessivamente como catholicos da Ibéria  Saba e Ewlawios. Deve ter sido sob seu reinado ("Pharsman neto de Bakur" no relato medieval ) e sob a lideranla de Ewlawios que a Iberia recebeu uma dúzia de presbíteros sírios sob a liderança de Ioahnnes, superior de um mosteiro de Antioquia , que já havia sido abençoado por Simeão, o Jovem. A única atividade governante de Farasmanes VI deve ter se dado no campo religioso, com a devida permissão dos persas, pois seu poder real foi basicamente nominal, pois o Império Sassânida dominou Ibéria no seu “governo”. Após “reinar” treze anos  foi sucedido por seu filho Bakur III.
A catedral ortodoxa de Svetitskhoveli  em Mtskheta
no tradicional berço do cristianismo georgiano
FONTES:

FARASMANES V (547-561)

Farasmanes V nome latinizado de Parsman V (em georgiano ფარსმან V) foi filho e sucessor Bakur II, citado brevemente pelas Crônicas georgianas medievais. Reinou 14 anos (547-561) durante os quais morreu os catholicoi (patriarcas) Samuel e Thawphetchag que foram sucedidos por Tchirmag. As Crônicas acrescentam que até esse tempo os sucessores de Vakhtang (447-522) reinaram em paz e os filhos do mthavar (arquiduque) Mirdat  obedeceram aos filhos de Dachi (522-534), primogênito do rei  Vakhtang.  Evidentemente refere-se aos descendentes de Leo e Mihrdat, filhos de Vakhtang   que deram origem ao principado de Javakheti. 
View of the Samtskhe-Javakheti Region. Photo: Justin Cruanes
Região de Javakheti
Farasmanes V herda o reino sob a vassalagem dos persas sassânidas como resultado da Guerra Ibérica (526-532) onde o Império Bizantino reconheceu a suserania persa sobre a Ibéria. Os bizantinos estavam restringidos por ataques de seus inimigos ocidentais e não poderiam ajudar aos iberos a resistir à dominação dos persas. Após oito anos de trégua, bizantinos e persas voltam a se enfrentar na Guerra de Lazica (541-562).  O status de vassalagem da Ibéria não se alterou. As crônicas georgianas registram uma invasão dos ossetas (alanos) que devastaram o país e relatam que Farasmanes V pede proteção ao xá persa em troca de tributos bem como permissão para o seu povo professar a religião cristã. O rei persa acorda preservar as igrejas em troca do compromisso de vassalagem de Farasmanes V.
Ficheiro:Lazica in Late Antiquity.svg
A Ibéria durante a Guerra de Lazica
As Crônicas concluem que a partir deste momento, a família "Vakhtang" divide-se: os filhos de Dachi serão favoráveis aos persas enquanto a linhagem de Mirdat aos bizantinos. É uma tentativa de explicar a autonomia do principado de Javakheti em relação a Ibéria dominada pelos persas.
Foi sucedido pelo seu sobrinho Farasmanes VI.

FONTES: