quarta-feira, 26 de novembro de 2008

PARNAJOM (112-93 a.C..)

Parnajom (ფარნაჯომი) ou Parnajob (ფარნაჯობი), conhecido também como Farnadjom, foi o quarto rei da Ibéria. Ascendeu ao trono após a morte de seu pai, Mirian, em 112 a.C. ele fundou a cidade de Nekresi. Instituiu o culto ao deus Zaden, deus da fecundidade, no panteão ibérico e fez-lhe um ídolo construindo uma fortaleza para abrigá-lo no monte Zedazeni em Mtskheta, a capital. Sua política de importação de uma divindade estrangeira (talvez proveniente dos antigos dos luvianos ou hititas) causou uma revolta geral. As crônicas georgianas relatam uma grande batalha entre Parnajom e seus nobres em que o rei é derrotado e morto e a coroa dada ao seu genro, Arshak (Artaxias), filho do rei da Armênia, aliado dos rebeldes. O filho de Parnajom, Mirian (Mirvan), de apenas um ano, foi levado para a corte do reino dos partos, no planalto iraniano.
Abaixo a Ibéria em torno do ano 100 a.C. sob Parnajom

FONTES:
http://en.wikipedia.org/wiki/Parnajom_of_Iberia
http://es.wikipedia.org/wiki/Farnadjom_de_Iberia
http://en.wikipedia.org/wiki/Zaden

MIRIAN I (162-112 a.C.)

Mirian I (მირიანი I), também conhecido como Mirvan I (მირვანი I, Mirvani I), foi o terceiro rei da Ibéria. De acordo com relatos medievais georgianos, reivindicou sua descendência dos persas aquemênidas. Outra vertente das tradições o faz ser um Nebrot'iani, isto é, descendente de Ninrod, lendário rei do antigo Oriente Médio, fundador da Babilônia segundo a Bíblia. O termo Nebrot'iani  (ნებროთიანი) é um vocábulo georgiano genérico para se referir à antiga nobreza persa e não é um nome dinástico, mas o termo aplicado pelos cronistas medievais georgianos para os iranianos antigos. Por isso, no reinado de Mirian I e seus sucessores, a dinastia, embora siga a linha feminina, continua a ser chamada pelas crônicas como Parnavaziani (Parnavázidas).
Abaixo, a evoluçao do reino da Ibéria entre 600 a.C e 500 d.C.
Mirian, era filho da tia materna da esposa do rei ibero Saurmag I (237 - 162). Ele se casou com uma filha do Rei Saurmag da Ibéria. Sem filhos varões, Saurmag adotou a Mirian como filho e sucessor. O grande acontecimento de seu reinado foi sua vitória sobre ferozes tribos montanhesas do Cáucaso conhecidas como dzurdzuk (possíveis ancestrais dos modernos chechenos e ingusetios). Essas tribos invadiram as províncias de Kakheti e Bazaleti, sendo expulsas por Mirian. Após esta vitória, levantou fortificações no passo de Daryal no Cáucaso, assegurando os limites do norte de seu reino. Mirian também contribuiu para o culto das deusas Anina e Danina como seu predecessor. Foi sucedido por seu filho Parnajom.

FONTES:
http://en.wikipedia.org/wiki/Mirian_I_of_Iberia
http://es.wikipedia.org/wiki/Mirian_I_de_Iberia

SAURMAG I ( 237-162 a. C. )

Saurmag I foi o segundo rei da Ibéria sucessor de Parnavaz I conforme a lista real tradicional das crônicas georgianas medievais. A obra Vida dos Reis, escrita c. 800 d.C., identifica Saurmag como o filho e sucessor de Parnavaz, o fundador da dinastia dos Parnavaziani e estabelece um padrão de sucessão com base na primogenitura. Segundo a lenda georgiana, os nobres da Ibéria uniram-se para matar Saurmag. Saurmag refugiou-se na terra dos dzurdzuks (possíveis antepassados dos vainakhs, povo do Cáucaso), país de origem de sua mãe, cujos irmãos governavam. Com a ajuda dos dzurdzuks, Saurmag suprimiu a revolta e criou uma nova classe de nobres diretamente subordinados ao rei. A crônica georgiana afirma que Saurmag aderiu à política pró-Selêucida (isto é, favorável ao reino greco-asiático regido pela dinastia Selêucida) adotada pelo seu pai.
O reino da Ibéria sob a primeira dinastia Parnavaziani
Os laços contemporâneos com o mundo iraniano são também salientados pelo nome Saurmag (em georgiano საურმაგი, Saurmagi), que se baseia uma raiz de origem cita ou sármata. Ele também é creditado com a introdução do culto das deusas Ainina e Danina. Há algumas inconsistências nas datas de seu reinado, que parece estranhamente longo para a época. Em 190 a.C. os Selêucidas perderam a Armênia para os governadores Artaxias e Zariadres, que se proclamaram reis da Armênia e de Sofene, respectivamente. Lutas internas na Ibéria enfraqueceram o reino, e os armênios ocuparam as regiões de Gogarena e Khorzena, e o reino de Egrisi teve a oportunidade de assumir uma parte dos territórios ocidentais. Ele casou-se com a filha do éristhav (governador) de Bardow, relatada nas crônicas medievais como de origem persa e teve duas filhas. Uma se casou com o éristav de Egrisi, filho de Kuji (dinasta colquiano que ajudara a Parnavaz I se tornar  rei da Ibéria). Dessa união nasceu Kartam, príncipe egrisi-iberiano que atuaria mais tarde na política da região. A outra filha de Saurmag casou-se com Mirian, filho da tia materna de sua esposa, a quem adotou como filho e herdeiro já que não tinha um filho varão. Saurmag morreu em 162 a.C. e foi sucedido por Mirian.


FONTE:
http://en.wikipedia.org/wiki/Saurmag_I_of_Iberia
http://es.wikipedia.org/wiki/Saurmag_I_de_Iberia
http://ka.wikipedia.org/wiki/%E1%83%A1%E1%83%90%E1%83%A3%E1%83%A0%E1%83%9B%E1%83%90%E1%83%92_I
http://fr.wikipedia.org/wiki/Sauromace_Ier_d%27Ib%C3%A9rie

PARNAVAZ I (302-237 a.C)

O Primeiro Rei da Ibéria
Estátua de Parnavaz I em Tbilisi, Geórgia
Parnavaz I (em georgiano ფარნავაზი, isto é, P'arnavazi), cujo nome também é escrito como P'arnavaz, P'arnawaz, Pharnavaz ou Farnavaz, foi o primeiro rei de Kartli (Ibéria) a quem a tradição georgiana medieval escrita atribui a fundação do reino de Kartli e a dinastia dos Parnavázidas (em georgiano Parnavaziani). Ele não é confirmado diretamente nas fontes não-georgianas e não há indicação contemporânea concreta que ele foi, efetivamente, o primeiro dos reis iberos. As datas de seu reinado são discutíveis: baseado nas informações das crônicas medievais a maioria dos estudiosos coloca seu reinado entre 302 e 237 a.C. Sua história é saturada de lendas, imagens e símbolos, e parece viável que, como a memória dos fatos históricos desapareceram, o Parnavaz real foi obscurecido por lendas que o consagraram como um modelo monárquico pelos anais da Geórgia medieval. Os pesquisadores localizam seu reinado entre os séculos IV e III a.C. Há quem o identifique com Faramanes, rei do corasmianos relatadopelo historiador grego Arriano (86-146 d.C.), o qual teria oferecido auxílio a Alexandre, o Grande, em sua campanha na Ásia.

Primórdios
Segundo as tradições, Parnavaz descendia do mítico etnarca e fundador de Kartli, Kartlos. Sua mãe provinha do Irã e seu nome tem raízes na língua persa. Seu tio paterno, Samara, ocupou o cargo de mamasakhlisi ("pai da casa") das tribos iberas em torno de Mtskheta. Ainda bebê os gregos entraram em seu país e mataram Samara; sua mãe o levou às montanhas e o escondeu. Os gregos deixaram no governo um de seus chefes, Azo. Reza a lenda que um sonho mágico, no qual ele unge-se com a essência do Sol, anuncia sua grandeza. Ele é persuadido por esta visão a se dedicar a ações nobres. Durante uma caçada, em perseguição a um veado, ele encontra um grande tesouro guardado em uma caverna escondida. Parnavaz, de posse de tais recursos, começa a montar um exército para combater o tirânico Azo. Parnavaz se associou com Kuji, um dos dinastas de Egrissi (a Cólquida dos escritores clássicos), aliança selada pelo casamento de Kuji com a irmã de Parnavaz. Juntos, prepararam uma revolta contra o governador grego.  Segundo a lenda, mil soldados a serviço de Azo desertaram dele e se juntaram a Parnavaz. Esses tais foram chamados relacionados pela tradição como tendo originado os aznauri, a antiga nobreza feudal da Geórgia. A revolta nativa triunfou e Azo morreu na peleja. Parnavaz se proclamou rei da Iberia aos 27 anos.
Kuji e  Parnavaz
Toda a história de Parnavaz, embora escrita por um cronista cristão, abunda em imagens literárias provenientes do antigo Irã e alusões místicas, reflexo dos laços culturais arqueologicamente confirmados e presumivelmente políticos entre o Irã (Pérsia) e a Kartli da época. O nome Parnavaz também é um exemplo ilustrativo da influência iraniana: sua raiz par  se baseia no persa farnah , que indica o esplendor divino que os antigos iranianos acreditavam marcar uma antiga dinastia legítima. O nome da dinastia iniciada por Parnavaz (Parnavaziani)  também é preservado nas histórias iniciais dos armênios como P'arnawazean (na crônica de Fausto de Bizâncio, 5,15; século V) e P'arazean (História Primária da Armênia, 14, provavelmente o início do século V), um indício de que um rei chamado Parnavaz foi o fundador de uma dinastia ibera/georgiana.
Ilustração georgiana celebrativa de Parnavaz I
 http://www.nplg.gov.ge/

A Administração de Parnavaz I
A crônica medieval relata que o reinado de Parnavaz foi reconhecido por certo rei Antíoco do reino helenístico dos Selêucidas. Antíoco é um nome comum na dinastia dos Selêucidas. Rapidamente Parnavaz fez reconstruir as fortalezas do país destruídas pelos gregos e construindo uma grande fortaleza, a Fortaleza de Armazi. Nesta época se criou o alfabeto georgiano que a lenda também atribui a Parnavaz. No entanto, o alfabeto georgiano foi criado quando da cristianização da Ibéria no século IV d.C., não obstante a atestada existência de um alfabeto pré-cristão derivado do aramaico. Seguindo o modelo iraniano, o rei criou oito regiões militar-administrativas governadas por dirigentes locais (éristhavis) e um principado dirigido por um espaspeta ou chefe que tinha que ser membro (sephetsulis) da família real (sephé gvari). A dinastia estava formada pelo Grande Rei com residência em Mtskhetha. A sucessão recaía sobre o varão mais velho da família tornando-se depois hereditária de pai para filho. O rei era governador absoluto e sua família ocupava os cargos de éristhavi em algum distrito. O chefe da corte, o ezosmodzgavari, era também uma personalidade importante, a mais importante que não era da família real. Parnavaz dominou um território entre o Araxes e o Cáucaso e parte da hoje Geórgia Ocidental. As crônicas dizem que reinou por sessenta e cinco anos. Após sua morte, ele foi enterrado em frente do ídolo Armazi, supremo deus local. Seu filho, Saurmag, o sucedeu no trono.
Mapa da Ibéria/Kartli e regiões adjacentes no
século IV a.C. e que hoje formam a Geórgia
FONTE:
http://en.wikipedia.org/wiki/Pharnavaz_I_of_Iberia
http://s50.radikal.ru/i129/0906/4a/f5f3b9e458a7.jpg
http://www.tbilisi.gov.ge/index.php?lang_id=ENG&sec_id=1915&info_id=9029


AZO (SÉCULO IV a.C.): PRIMEIRO REI DA IBÉRIA?

Azo (აზო), ou Azoy (აზოჲ), também conhecido como Azon (აზონი) foi um lendário rei da antiga Kartli (a Ibéria dos autores greco-romanos) descrito nos anais medievais georgianos como tendo sido estabelecido por Alexandre, o Grande, Rei da Macedônia (c. 336–323 a.C.). Seu nome e a origem são diferentemente dados pelas crônicas georgianas medievais. a obra A Conversão de Kartli o chama Azo(y) e o menciona como herdeiro e descendente de uma dinastia preexistente do reino primevo de Arian-Kartli. Em outra obra, A vida de Kartli , ele é conhecido como Azon e é relatado como um intruso e usurpador macedônio. Azo e Azon inquestionavelmente são a mesma pessoa e ambas as fontes referem-se a ele em uma expedição mítica de Alexandre, o Grande, na região.
Fortaleza de Khertvisi em Meskheti, Geórgia. Segundo a tradição, ele chegou a ser
destruída por Alexandre, o Grande., quando de sua campanha na Ibéria
Segundo A Conversão de Kartli, Azo foi o filho de um rei (não nomeado na obra) de Arian-Kartli, que intentou juntamente com os seguidores, uma Kartli propícia a Alexandre, rei da Grécia e Macedônia, e foi instalado como o primeiro rei (mep'e) em Mtskheta após a conquista desta cidade. Ele também transplantou os cultos dos deuses Gatsi e Gaim para Kartli. Já em A vida de Kartli não se confirma essa tradição. Em vez disso, alega-se que Azon, filho de Iaredos, não foi um rei nem mesmo georgiano, isto é, ibero. Ele é descrito como tendo conquistado Mtskheta com 100.000 macedônios (chamados anacronicamente de "romanos"). Além disso, Alexandre ordenou a Azon que adorasse sete astros celestes (o sol, a lua e cinco "estrelas", ou seja, planetas) e para servir o "invisível Deus, o criador do Universo". Nesta versão, Azon é descrito como um tirano, posteriormente deposto e morto por Parnavaz, membro do clã local Parnavaziani, cujo pai e tio foram mortos por Azon.
Acima mosaico grego de c. de 300 a.C. representando Ariadne e
Dionísio encontrado em Dzalisi (a antiga Dzalissa na Ibéria):
Testemunho da cultura grega na Ibéria
A identificação de Azo / Azon é um dos enigmas mais complexos e controversos da história da Geórgia primitiva. Seu governo é convencionalmente datado pelo estudioso georgiano Sergi Gorgadze no período de 330 a 272 a.C., embora esta cronologia careça de precisão. Apesar de suas diferenças, as duas tradições medievais concordam que a realeza foi criada em Mtskheta no início período helenístico e isso é verificado em fontes não-georgianas. A lenda da campanha Ibérica de Alexandre também foi preservada na tradição histórica da Armênia, particularmente em A História dos Armênios por Moisés de Chorene (provavelmente do século V). Moisés fala de um certo Mitrídates, sátrapa de Dario (identificável com Mitrídates I do Ponto?) instalado por Alexandre para se pronunciar sobre os iberos. O professor Giorgi Melikishvili tem realçado vários paralelos entre as histórias da Azon das crônicas georgianas e as de Mitrídates da tradição armênia. 
A cidade de Mtskheta nos tempos antigos: capital da Ibéria
 Vários estudiosos modernos acreditam história de Azo indiretamente sugere a migração das tribos primitivas georgianas para o noroeste e a mistura de elementos étnicos da Anatólia com as tribos que viviam na Kartli propriamente dita. Por outro lado, a versão de A Vida de Kartli , que anacronicamente refere a comitiva Azon como "os romanos", poderia muito bem ter refletido atividades dos romanos na Ibéria, presumivelmente no período dos imperadores Flavianos (69-96 d.C.), que surpreendentemente foi ignorado pelos anais da Geórgia medieval. Alguns historiadores modernos também tentaram igualar Azon com o Jason do ciclo mitológico grego dos Argonautas . De acordo com o historiador romano Tácito , os iberos reivindicavam uma origem na Tessália, na Grécia, datada do momento em que Jason, depois de sair com Medeia e seus filhos, retornou ao palácio de Aeetes na Cólquida (país vizinho da Ibéria) que não tinha um rei. Surpreendentemente, a amplamente atestada rota da campanha de Alexandre na Ásia não indique que o Conquistador macedônio tenha passado perto da Armênia muito menos do Cáucaso, onde ficava a Ibéria. Azo parece ser fruto da imaginária georgiana medieval que quis ligar a história de seu país de alguma maneira a história do mais famoso conquistador da Antiguidade.
A campanha de Alexandre na Ásia



 FONTES:

http://en.wikipedia.org/wiki/Azo_(Georgian_history)
http://www.bible-history.com/maps/alexander_campaigns.html
http://www.twcenter.net/forums/showthread.php?570981-Kingdom-of-Kartli-(-Caucasian-Iberia-)
http://www.caucasustravel.com/upload/gallery/958_Khertvisi-Fortress.jpg
http://en.wikipedia.org/wiki/Khertvisi

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

REINO DA IBÉRIA: RESUMO HISTÓRICO

A região do Cáucaso hoje ocupada pela República da Geórgia (em georgiano Sakartvelo) era habitada por várias tribos aparentadas entre si, principalmente os Moschi e os Sasper que acabaram por constituir (dentre outros) o reino de Kartli, cujo nome é uma referência ao nome de seu mítico chefe e fundador, Kartlos. Segundo alguns estudiosos, Kartli deriva de Kartu, lugar vedado, fechado.
A denominação estrangeira Geórgia, utilizada por grande parte das línguas do mundo, vem do persa گرجی (Gurji), por intermédio do árabe Jurj. Este por sua vez sofreu influência do prefixo grego γεωργ- (geōrg-), o que levou a se acreditar que o nome derivaria do seu santo padroeiro, São Jorge, ou do termo grego para cultivar, γεωργία (gueōrguía).
Possivelmente o nome Ibéria que os antigos autores greco-romanos aplicaram ao reino de Kartli derive do nome do povo Sasper( >Speri >Hberi >Iberi). Os Moschi migraram para o noroeste e sua principal tribo deu nome a capital do reino: Mtskheta.


Acima, a moderna cidade de Mtskheta

Situada na junção dos rios Mtkvari e Aragvi, Mtskheta estava estrategicamente situada entre os mares Cáspio e Negro, entre a Europa e a Ásia.
Os autores medievais georgianos designam o primeiro assentamento iberiano como Arrian-Kartli, sob o governo persa da dinastia aquemênida. Após isso, foram governados por um príncipe local conhecido pelo título de Mamasakhlisi ("o pai de família"). Outras fontes atribuem a fundação do reino a um tal de Azo que teria sido um general de Alexandre, o Grande (356-326 a.C.) que exterminou a dinastia local e conquistou o território, sendo expulso posteriormente pelo kartli Pharnazaz I (299-234 a.C.).
Pharnazaz I (tido como primeiro rei de fato da Ibéria) ampliou os domínios do reino, reformou a língua escrita e a administração; seus descendentes levaram a Ibéria a um período de prosperidade e esplendor, apesar das inúmeras guerras travadas contra invasores.
Destas guerras, por fim, a Ibéria acabou por ceder algumas de suas províncias meridionais aos reinos da Armênia e da Cólquida de onde surgiram alguns principados independentes, os Sceptuchoi.
Ao fim do II século a.C., o rei Farnajom foi deposto por seus súditos e a coroa foi oferecida ao principe armênio Arshak que ascendeu ao trono iberiano em 93 a.C. iniciando a dinastia dos Arshakidas.
Quando da invasão da Armênia pelas tropas romanas comandadas por Pompeu (106-48 a.C.) em 65 a.C., Roma não estabeleceu seu domínio sobre a Ibéria, não obstante esta ter sofrido a invasão dos exércitos romanos. Porém, em 36 a.C., quando os romanos lutaram contra o reino da Albânia (no Cáucaso, não confundir com a moderna Albânia nos Balcãs) marcharam sobre a Ibéria e constrangeram o Rei Pharnavaz II a uma aliança contra o reino da Albânia.

Acima, Ponte de Pompeu em Mtskheta, Georgia

Quando o vizinho reino da Cólquida foi transformado em província romana (69 d.C.), a Ibéria aceitou o protetorado do Império Romano. Uma inscrição em pedra descoberta em Mtskheta fala do rei Mihdrat (58-106 d.C.) como "o amigo dos Césares" e que o “ “rei dos iberos que amavam os romanos." O Imperador Vespasiano (17-79) fortificou o antigo sítio de Arzami em Mtskheta em 75 d.C. para os reis ibéricos.
Nos anos seguintes os romanos continuaram a exercer sua influência sobre os iberos, porém a partir do Rei Pharsman II (116 – 132) a Ibéria retoma seu antigo poder. As relações entre a Imperador Adriano (76-138) e Pharsman II foram tensas, embora Adriano tentou apaziguar-se com Pharsman. No entanto, foi apenas sob o sucessor do Adriano, Antonino Pio (86-161), que relações melhoraram, ao ponto de, segundo o historiador Dio Cássio (155-229), Pharsman ter visitado Roma, onde uma estátua foi erigida em sua homenagem. O período levou a uma mudança importante no estatuto político do Reino da Ibéria agora reconhecido como um aliado de Roma, em vez de seu antigo estatuto como um Estado submisso; a nova situação política manteve-se mesmo durante as hostilidades do Império com os Partas, cujo reino era vizinho da Ibéria.
O ressurgimento do Império Persa sob a dinastia Sassânida em 224 pôs fim ao Reino dos Partos e sendo um Estado forte e centralizado atuou no sentido de que a Ibéria mudasse sua orientação política e fosse deixando a influência romana. Sendo assim, sob o rei persa Sapor I (241-272), a Ibéria pagava tributos à Pérsia. Não obstante, a relação dos dois reinos era amigável, a ponto da Ibéria ajudar os persas em suas campanhas contra os romanos.O rei ibero Amazasp III (260-265) é considerado pelos sassânidas como um alto dignitário do reino persa, não como um rei vassalo submetido pela força das armas. A religião oficial da Pérsia, o Zoroastrismo, foi difundida na Ibéria entre 260 e 290 d.C.
A paz de Nisibis (apaziguamento das hostilidades entre persas e romanos) em 298 d.C. reconhece o domínio romano sobre a região do Cáucaso e Roma reconhece o Rei Mirian III, da dinastia Coisroida, como rei da Ibéria.
A predominância da influência do Império Romano do Oriente (Bizantino) sobre a Ibéria se torna crucial após a conversão do Rei Mirian III ao Cristianismo derivada, possivelmente, do trabalho evangelizador realizado por Santa Nino da Capadócia em 303. O Cristianismo trouxe grande impacto na cultura ibérica além de manter o reino mais ligado aos romanos.
Entretanto, após a derrota dos romanos para os persas em 363, Roma cede o controle da Ibéria novamente à Pérsia. Desta vez, o rei ibero, Varaz-Bakur I (Asphagur) (363-365), não é mais um alto dignitário, mas um vassalo dos persas após a Paz de Acilisene em 387.
O rei Pharsman IV (406-409) preservou a autonomia de seu país e cessou de pagar tributos à Pérsia. Após sua morte, os reis persas impõem sobre a Ibéria um vice-rei persa hereditário (o Pitiarca, derivado do termo persa pitiaxae) e o Zoroastrismo como religião oficial junto com o Cristianismo, sem obter muito sucesso entre a gente comum.
Sob o reino de Vakhtang I (447-502) a Ibéria atravesou um breve período de reavivamento monárquico. Formalmente vassalo dos Persas, o rei investiu contra povos caucasianos do norte e os submeteu à Ibéria. O rei ibero funda uma nova capital, Tbilisi, e inicia uma deseperada guerra pela indepência que dura vinte anos. O rei morre em batalha em 502 e a Ibéria volta ser submetida à Pérsia.
Em 580, o rei persa Ormisda IV (578-590) abole a monarquia após a morte do Rei Bakur III, e a Ibéria torna-se uma província persa governada por um marzpan (governador).
Os nobres iberos exortam ao imperador bizantino Maurício a recriar o reino da Ibéria em 582, mas em 591, os bizantinos e a Pérsia fazem um acordo e repartem a Ibéria, com Tbilisi para os persas e Mtskheta para os bizantinos.
Sendo assim, no início da Idade Média, Ibéria/Kartli perdeu sua importância política. Mesmo assim, de certa forma, manteve-se como líder da área da futura Geórgia devido à independência de sua Igreja e à cultura devida à influência bizantina. Ibéria/Kartli foi parte de um Reino Georgiano na Idade Média central. A Geórgia foi unificada no início do século XI mas Tbilisi, a principal cidade de Kartli, só foi liberada em 1122. Posteriormente, a capital da Geórgia foi transferida de Kutaisi para Tbilisi. Após a desintegração do Reino unido no século XV, Ibéria/Kartli tornou-se um Reino independente, que sofreu frequentes invasões persas. Em 1762, o Reino de Kartli foi unido com o adjacente Reino de Kakheti. Este reino também foi logo enfraquecido pela agressão persa. Em 1801 o reino de Kartli-Kakheti foi anexado ao Império Russo.

Acima: Em 1762, os reinos de Kartli e Kakheti foram unidos sob Erekle II.

Kartli foi parte de uma República Democrática da Geórgia independente entre 1918 e 1921, da RSFS Transcaucasiana entre 1922 e 1936 (cuja capital era Tbilisi, a principal cidade da província e da Geórgia), e da RSS da Geórgia entre 1936 e 1991.
Após a desintegração da URSS em 1991, Kartli é parte da República da Geórgia, a maior e mais populosa província da Geórgia Oriental, e Tbilisi, a principal cidade de Kartli, é a capital da nação.
Além de Tblisi, a província de Kartli é dividida em três regiões administrativas: Kvemo Kartli (cuja capital é Rustavi), Mtskheta-Mtianeti (capital: Mtskheta) e Shida Kartli (capital: Gori). A última região oficialmente inclui o distrito histórico de Samachablo, cuja maior parte da população é de ossetas desde o século XVIII, e que possuia o status de distrito autônomo dentro da República da Geórgia durante o período soviético (1922-1991). Desde a guerra civil osseto-georgiana em 1991-1992, este distrito, agora conhecido como Ossétia do Sul, é um estado independente de fato, embora nenhuma nação reconheça oficialmente sua soberania.



O antigo reino da Ibéria/Kartli: hoje importante província da República da Geórgia, onde se situa sua capital.

FONTES:
Wikipédia, a enciclopédia livre. Versões utilizadas: português, espanhol, inglês e e francês.
Georgian Kingdoms in the Late Antique Period. (the IV cen. B.C. - V cen.). Disponível em:www.parliament.ge

MAPAS DO REINO DA IBÉRIA


A Ibéria e os países e províncias romanas que lhe faziam fronteira.
Fonte:www.azerb.com


A Ibéria no contexto do mundo euroasiático em torno do ano 100 d.C.
Fonte:www.euratlas.com


A Evolução dos antigos Estados que existirmam no território da atual República da Geórgia, entre eles o reino da Ibéria.
Fonte:geo-names.com