quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

ARCHIL (411–435)

Archil (em georgiano არჩილ) filho e sucessor do rei Mitridates IV teve como esposa uma « grega » da família do imperador Joviano (363-364) chamada Maria. As crônicas medievais georgianas fornecem dados conflitantes sobre seu reinado que foi de 411 a 435. A versão mais antiga é extremamente breve, mas indica que a influência do Zoroastrismo, a religião oficial dos Sassânidas, foi constante na Ibéria cristã, um testemunho da influência religiosa e política dos persas no país. Outra versão informa-nos da bem-sucedida rebelião de Archil contra a Pérsia, de sua vitória sobre uma força punitiva e uma retaliação em Arran, região da Albânia Caucasiana (atual Azerbaijão). A autenticidade desta última vertente foi posta em dúvida por estudiosos modernos. 
Mtskheta from Jvari
Visão panorâmica de Mtskheta, antiga capital da Ibéria, a partir do monastério de Jvari
Segundo ela, Archil tentou com a ajuda dos “gregos” (romanos orientais) e de seu filho Mitridates recuperar as províncias de Ran e de Movacan, perdidas para os persas em reinados precedentes e controladas pelo éristhav Barzabodo que o estudioso Cyril Toumanoff identifica com um príncipe persa dos Mirânidas, uma das sete famílias da alta nobreza persa. O conflito terminou com o casamento do príncipe herdeiro Mitridates com Sagdukht, filha de Barzabodo. Archil teria construído a Igreja de Santo Estevão em Mtskheta. Morreram sob seu reinado três bispos: Ioanes, Grigol e Basílio sucedidos por Mobidan. Archil é também confirmado em duas fontes armênias: A vida de Mashtots de Koryun e História da Armênia de Moisés de Chorene, que o chama de Ardzil. Foi sucedido por seu filho Mitridates V.

FONTES:

MITRIDATES IV (409-411)

Mitridates IV (em georgiano Mihdat IV,მირდატ IV ) era filho de Aspagur III e neto de T’rdat. Era irmão por parte de pai do rei precedente, Farasmanes IV. As Crônicas georgianas criticam-lhe a impiedade religiosa e a negligência quanto aos templos cristãos. Descrevem-no como “um guerreiro intrépido, mas sem o temor de Deus ".
Sítio arquelógico da fortaleza de Armazi, residência fortificada dos reis iberos
Segundo as Crônicas, por sua arrogância Mitridates se tornou inimigo dos “gregos” (romanos orientais) e dos persas. Opondo-se às duas grandes potências regionais, acabou derrotado pelo exército sassânida, foi capturado e deportado ao Irã onde morreu. Reinou apenas dois anos (de 409 a 411) e foi sucedido por seu filho Archil.

FONTES:

FARASMANES IV (406-409)

Farasmanes IV (em georgiano P'arsman IV, ფარსმან IV) era o filho do rei Aspagur III (também conhecido comoVaraz-Bakur II) com sua segunda esposa, uma nobre ibera anônima filha de Bacurius, o vitaxe (vice-rei) de Gogarene. Descrito nas Crônicas como um  piedoso monarca cristão e um guerreiro excepcional, ele insurgiu-se contra a hegemonia persa sobre seu reino após uma aliança com o Império Romano do Oriente e deixou de pagar tributos ao rei da Pérsia. A ele se credita a construção de Bolnisi e a proliferação de cruzes no Reino. 
File:ბოლნისის ხედი (G.N. 2010).jpg
Cidade de Bolnisi, fundada por Farasmanes IV segundo a tradição georgiana
Farasmanes é identificado por alguns acadêmicos com o Farasmanes da obra em siríaco Vita Petri Iberi que era o irmão de Osdukhtia, a avó paterna de Pedro, o Ibérico (411-491), um teólogo ibero e um dos líderes do movimento teológico que rejeitava a doutrina da dupla natureza (humana e divina) de Cristo confirmada pelo Concílio de Calcedônia (451). Segundo essa obra, Farasmanes goza de uma posição de liderança na corte romana e detém o cargo de magister militum (chefe militar) sob o Imperador Arcádio (393-395) até ser acusado de cometer adultério com a Imperatriz Eudóxia. Ele foge para a Ibéria onde ele se tornou rei e incentiva os hunos brancos a atacarem o Império Romano.
 Foi sucedido por seu irmão paterno, Mitridates IV.

FONTES:

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

T'RDAT (394-406)

T'rdat (em georgiano T'rdati, თრდატი) é conhecido também pela forma latinizada Tiridates. Ele era filho de Rev II, filho de Mirian III, o primeiro rei cristão da Ibéria, com Salomé, filha do rei da Armênia, Tiridates III. Quando da morte de seu avô e de seu pai em 361, T'rdat era muito jovem. Seu irmão mais velho, Saurmag II, assumiu a coroa ibérica. Nessa época, romanos e persas disputavam o controle da Ibéria. Saurmag II (pró-Roma) foi deposto pelos persas que entronizaram Aspagur II (pró-Pérsia). Apesar das turbulências políticas na Ibéria, T'rdat reforçou seus vínculos com a casa real dos Cosróidas casando-se com a filha de Aspagur II. 
File:Nekresi (5).jpg
Ruínas da igreja de Nekresi cuja fundação é atribuída a T'rdat.
T'rdat também foi sogro de Aspagur III, seu predecessor. Apesar da idade avançada, foi chamado pelo eristhav (governador) de Samchwilde para assumir o trono devido à menoridade dos filhos do rei, Mitridates, Tiridates e Farasmanes, que morrera em 394. Durante seu reinado foi vassalo dos Sassânidas a quem pagava impostos e se esforçava para agradar. As Crônicas dizem que ele foi capaz de acalmar os persas e louvam sua religiosidade cristã e creditam a T'rdat a construção de igrejas de Rustavi e Nekresi. Foi sucedido por Farasmanes IV, filho da segunda esposa de Aspagur III, quando de sua morte em 406.

FONTES:

ASPAGUR III (380-394)

Aspagur III (também conhecido como Varaz-Bakur II,ვარაზ-ბაკურ II em georgiano) foi rei da Ibéria de 380 a 394. Era filho de Mitrídates III e casou-se com com a filha de T’rdat, seu parente e sucessor. De sua união com a filha de T'rdat  ele teve dois filhos: Mirdat (Mitrídates IV) e T'rdat.  A crônica medieval georgiana afirma que el teve uma segunda esposa, filha de Bacurius, governador de Gogarene, e descendente do rei Mirian III (284 - 361), com a qual ele teve um filho Parsman (Farasmanes IV). Segundo a crônica medieval, Aspagur III seria pai (ancestral ) do clérigo Pedro da Ibéria (c. 411-491). Durante seu reinado, o Império Romano assinou em 387 a Paz de Acilisene com a Pérsia Sassânida na qual se dividiu a Armênia entre os dois impérios.
File:Persian Armenia.gif
O Oriente após a Paz de Acisilene
 Ibéria cedeu aos persas, após uma invasão, os territórios de Ran e Mowaca e lhes pagava tributo. A ele se credita a construção da igreja de Tsilkani, embora outra vertente da tradição o caracterize como um homem não cristianizado. A crônica medieval georgiana relata que  ele em nenhum lugar construiu uma igreja, nem aumentou os edifícios e se comportou como os ímpios. Esta última vertente parece mais verossímil devido ao alto grau de sujeição do seu reinado ao Império Persa. Quando de sua morte (394) seus filhos são  ainda muito jovens, então seu sogro, T'rdat, assume o trono.

FONTES:
http://en.wikipedia.org/wiki/Aspacures_III_of_Iberia
http://fr.wikipedia.org/wiki/Varaz-Bakour_II_d%27Ib%C3%A9rie
http://osreisdaarmenia.blogspot.com.br/2013/03/khosrov-iv-387-392-dc.html

MITRIDATES III (365 - 380)

Mitridates III (nome latinizado de Mirdat III, მირდატ III) é conhecido apenas pelas crônicas medievais da Geórgia. O historiador romano Amiano Marcelino refere-se a ele pelo nome de seu antecessor, Aspacures, isto é, Aspagur II (363-365). Mitrídates era filho de Aspagur II e seus filhos conhecidos são Vitra e Aspagur III.  A Ibéria é disputada pelo Império Romano e pelo Império Persa. Em 363, o rei Saurmag II foi destituído por Sapor II, rei persa, que instalou seu tio, Aspagur II (Varaz-Bakur), em seu lugar. Esse morre em 365 e é sucedido por seu filho Mitrídates III. A intervenção persa no Cáucaso, eventualmente, demandou uma resposta romana e, mais tarde (370), o imperador Valente envia doze legiões (cerca de 12.000 homens) sob Terêncio para restaurar Saurmag II ao trono. Quando as legiões romanas alcançaram o rio Kura (Mt'k'vari), Aspagur vai ao encontro deles e propõe a divisão do reino ao longo do rio. 
Trecho do rio Mtkivari que dividia o reino da Ibéria entre Saurmag II e Mitrídates III
Saurmag II reinaria nas províncias ocidentais da Ibéria adjacentes à Armênia e à Lazica, enquanto Mitrídates III (chamado ainda de Aspacures, como seu antecessor, pela historiografia romana) controla a parte nordeste do Reino. Porém, Mitrídates, esclarece que deve permanecer leal aos persas, pois seu filho Vitra é refém na corte sassânida. Os romanos aceitam o compromisso e selam o acordo e a divisão do reino. A Ibéria agora torna-se uma diarquia. Porém esse acordo não foi reconhecido por Sapor II, que considerou o fato como motivo para a guerra e retoma as hostilidades contra Roma e a Ibéria no início de 371. Em 378, os romanos são obrigados a concentrar seus esforços bélicos nos Bálcãs devido à invasão dos godos ao Império Romano. Sendo assim, Roma não tem como dar maior suporte ao reino de Saurmag II; o general persa Súrena investe contra as tropas romanas locais que apoiam Saurmag que é derrotado e desaparece da História em 378. Seu território passa a ser vassalo dos persas que reunificam o reino da Ibéria sob Mitridates III que reina até 380 quando morre e é sucedido por Aspagur III.

FONTES:

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

ASPAGUR II (363-365)

Aspagur II (em georgiano Varaz-Bakur, ვარაზ - ბაკურ) conhecido também pelo nome latino de Aspacures. Nas crônicas medievais georgianas aparece como Varaz-Bakur ou Varaz-Bakar. Era filho  mais novo do rei Mirian III (284-361). Seu irmão mais velho foi o príncipe corregente Rev II e sua irmã foi esposa de Peroz, governador de Godarene. Aspagur também é identificado com Bakar, filho do rei Mirian III, que ficou de refém na corte do imperador romano Constantino I como garantia da aliança da Ibéria com Roma. No seu tempo a Ibéria vivia entre a escolha inevitável a qual Império deveria se aliar: o Romano ou o Persa (Sassânida). Ambos disputavam o controle sobre a Ibéria devido a sua posição estratégica no Cáucaso. Ambos tinham simpatizantes na corte ibera. Em 361, Saurmag II, sobrinho de Aspagur, ascende ao trono ibero e mantém a política cristã e pró-romana de seu pai.
Artefato persa retratando o rei Sapor II
O rei sassânida Sapor II aproveita o enfraquecimento do Império Romano no oriente e intervém na Ibéria. Filho do cristão Mirian III, mas simpático ao zoroastrismo (religião persa) e de orientação política pró-persa, Aspagur II foi posto no trono da Ibéria em 363 pelo rei persa Sapor II, após a derrubada de Saurmag. A Ibéria torna-se vassala do Império Sassânida. Aspagur II morre em 365 e sucedido por seu filho Mitrídates III (que é chamado pelo nome do pai na historiografia romana). Aspagur é descrito pelo cronista medieval Leonti Mroveli como "um homem ímpio e um inimigo da fé (cristã)". No trono torna-se vassalo dos Sassânidas. A intervenção persa na Ibéria vai suscitar a intervenção romana que lutará para recolocar Saurmag II no trono. 

FONTES:

SAURMAG II (Monarca em 361-363 e Diarca em 370-378)

Saurmag II (em georgiano საურმაგ II), também conhecido pelo nome latino de Sauromaces, é desconhecido na tradição medieval georgiana, mas mencionado por Amiano Marcelino, historiador romano do 4º século. Foi monarca de 361 a 363 e diarca de 370 a 378. Saurmag era filho de Rev II, príncipe corregente de Mirian III, e da rainha Salomé. Teve um irmão, T"rdat, que posteriormente veio a ser rei da Ibéria. Com a morte de Rev e Mirian em 361, Saurmag ascende ao trono da Ibéria e segue uma política pró-romana e cristã de seus predecessores, o que traz a hostilidade do rei sassânida Sapor II, que disputava com o Império Romano domínios no Oriente. Em 363, após vencer a batalha de Ctsifonte, o imperador Juliano morre num ataque persa. Seu sucessor, Joviano, faz um acordo humilhante com Sapor II no qual entrega importantes territórios romanos no Oriente e deixa desguarnecidos os reinos aliados de Roma, a Ibéria e a Armênia. Em 363, Saurmag II foi destituído por Sapor II que instalou seu tio, Aspagur II (Varaz-Bakur), em seu lugar. Esse morre em 365 e é sucedido por seu filho Mitrídates III.
File:Julian Campaign 363.png
Campanha do imperador Juliano em 363
 A intervenção persa no Cáucaso, eventualmente, demandou uma resposta romana e, mais tarde (370), o imperador Valente envia doze legiões (cerca de 12.000 homens) sob Terêncio para restaurar Saurmag II ao trono. Quando as legiões romanas alcançaram o rio Kura (Mt'k'vari), Aspagur vai ao encontro deles e propõe a divisão do reino ao longo do rio. Saurmag II reinaria nas províncias ocidentais da Ibéria adjacentes à Armênia e à Lazica, enquanto Mitrídates III (chamado ainda de Aspacures, como seu antecessor, pela historiografia romana)  controla a parte nordeste do Reino. Porém, Mitrídates, esclarece que deve permanecer leal aos persas, pois seu filho Vitra é refém na corte sassânida.  Os romanos aceitam o compromisso e selam o acordo e a divisão do reino. A Ibéria agora torna-se uma diarquia. Porém esse acordo não foi reconhecido por Sapor II, que considerou o fato como motivo para a guerra e retoma as hostilidades contra Roma e a Ibéria no início de 371. Em 378, os romanos são obrigados a concentrar seus esforços bélicos nos Bálcãs devido à invasão dos godos ao Império Romano. Sendo assim, Roma não tem como dar maior suporte ao reino de Saurmag II; o general persa Súrena investe contra as tropas romanas locais que apoiam Saurmag que é derrotado e desaparece da História em 378. Seu território passa a ser vassalo dos persas que reunificam o reino da Ibéria sob Mitridates III.

FONTES:
http://fr.wikipedia.org/wiki/Sauromace_II_d%27Ib%C3%A9rie
http://en.wikipedia.org/wiki/Sauromaces_II_of_Iberia
http://osreisdaarmenia.blogspot.com.br/2013/02/arsaces-ii-350-368-dc.html

REV II (345-361), PRÍNCIPE CORREGENTE

Rev II (em georgiano რევ II) foi um príncipe da Ibéria que reinou juntamente com seu pai Mirian III nos anos de 345-361. De acordo com as crônicas georgianas medievais, Rev governava a província oriental de Kakheti com capital em Ujarma. Casou-se com Salomé, filha de Tiridates III, rei da Armênia.  Tiveram dois filhos, Saurmag II (Sauromaces) e T’rdat (Tiridates), os quais reinaram posteriormente sobre a Ibéria
Reconstrução da fortaleza de Ujarma
Salomé  (também conhecida como Salome Ujarmeli [სალომე უჯარმელი], isto é, Salomé de Ujarma) desempenhou papel importante na conversão a Ibéria ao cristianismo. Seu nome de nascimento era Beoun e o mudou para Salomé quando casou-se com Rev II em 326 como fruto de relações diplomáticas entre a Ibéria e a Armênia. Embora seu pai fosse tivesse se convertido ao cristianismo, Salomé era seguidora do zoroastrismo, a religião oficial do Império Persa. Influenciadas pela missionária cristã Nino da Capadócia, Salomé e Perozhavra de Sivnia, esposa de um governador ibero, também se converteram ao cristianismos e se tornaram grandes propagadoras da fé cristã na Ibéria. 
Salomé e Perozhavra:
santas da Igreja Ortodoxa Georgiana
Seu status social muito contribuiu para a propagação da fé cristã na nobreza ibérica. Por fim, o rei da Ibéria Mirian III converte-se ao cristianismo e o tornou a religião do Estado. Salomé erigiu uma cruz em Ujarma. Elas assistiram Nino em seus momentos finais quando faleceu na aldeia de Bobde. Elas continuaram a obra de cristianização da Ibéria e escreveram uma biografia de Nino. Rev morreu antes de seu pai em 361 e Salomé e Perozhavria morreram pela mesma época. Saurmag II, primogênito de Rev II, sucedeu seu avô Mirian III no trono da Ibéria.

FONTES:
http://en.wikipedia.org/wiki/Rev_II_of_Iberia
http://fr.wikipedia.org/wiki/Rev_II_d%27Ib%C3%A9rie
http://dzeglebi.com/view.php?id=59
http://www.pravoslavie.ru/english/7382.htm

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

MIRIAN III (284 - 361)

Mirian III (em georgiano მირიან III), também conhecido como Mirvan III) ou como São Mirian, foi o primeiro monarca cristão da Ibéria e estabeleceu o Cristianismo como a religião oficial do Estado e posteriormente foi canonizado pela Igreja Ortodoxa Georgiana. Iniciou a dinastia cosróida (Khosroviani) na Ibéria. Além da historiografia medieval georgiana, Mirian é atestado pelo historiador romano do século III Amiano Marcelino e pelas crônicas medievais armênias. Seu nome (Mirian) é uma adaptação georgiana do nome iraniano Mihran. A crônica georgiana medieval registra variações de seu nome (Mirean, Mirvan). Escrevendo em latim, Amiano Marcelino (XXI.6.8) registra-o como Meribanes. As crônicas medievais armênias registram Mihran. Mirian III reinou 77 anos (de 284 a 361 d.C.).
O rei Mirian III e um clérigo numa representação do
século XVII na catedral de Svetitiskhoveli

Origens Obscuras
As origens familiares de Mirian III são controversas. Segundo a tradição medieval georgiana seu pai seria um grande rei persa chamado Kasre (Cosroes) ou Kasre Ardashir e sua mãe uma escrava deste. Porém, no período em questão quem reinava na persa era Sapor I (241 - 272). O Professor Cyril Toumanoff sugere que Mirian seja originário de uma das sete famílias nobres da Pérsia sassânida, os Mirânidas. Já o historiador Giorgi Melikishvili, no entanto, duvida da origem persa dos Cosróidas e considera-os uma dinastia de local que tinha inventado uma ascendência estrangeira mitológica, uma coisa comum nas genealogias feudais. Também a tradição medieval georgiana pode ter exagerado a origem genealógica de Mirian de modo a tornar-lhe o filho da grande rei da Pérsia, Cosroes (nome comum da realeza persa). O nome Cosroes (Khusraw) não foi usado pelos Sassânidas senão algum tempo mais tarde; por conseguinte, ou os anais georgianos estão enganados com o nome do pai de Mirian ou "Khosroes" foi tomado como um termo geral na acepção de "rei". De acordo com a crônica medieval georgiana Vida dos Reis (Kartlis C'xovreba) de Leonti Mroveli, Mirian teve por pai Sapor I da dinastia sassânida e foi nomeado como rei da Ibéria em 318 d.C. A crônica medieval Mok’ts’evay K’art’lisay (Conversão de Kartli [Ibéria]) diz que Mirian III era filho de certo Lev, o que parece ser atestado por outras fontes.
Moeda com a efígie do rei sassânida Sapor I

Menino Rei
Mirian teria nascido em 277 d.C. na família dos Sassânidas, a dinastia persa governante, ou na família dos Mirânidas, uma das sete grandes de casas da nobreza persa no Império Sassânida. Quando do exílio do  rei da Ibéria Aspagur I, os éristasvs (nobres) se reuniram em torno do espaspeta (chefe militar da corte), Maïjan, e acordaram em oferecer a jovem princesa Abeshura a Mirian, iniciando uma dinastia de origem persa. Mirian teria então apenas sete anos de idade. A Ibéria, antiga aliada do Império Romano, passa assim para a vassalagem dos Sassânidas, os novos rivais de Roma. Na crônica medieval Vida dos Reis  o reinado de Mirian III é narrado com muitos detalhes. Embora a sua informação sobre a participação de Mirian - como um rei vassalo dos Sassânidas - no guerra dos persas contra o Império Romano, e suas  ambições territoriais na Armênia possam ser verdadeiras, as afirmações de Mirian III era um pretendente ao trono do Império Persa e de que tinha sob controle a Cólquida e a Albânia , bem como a expansão de sua atividade na Síria é obviamente ficcional. Em 292 a rainha Abeshura faleceu em 292, quando Mirian tinha 15 anos, e não deixou filhos. Com a morte de Abeshura, extingui-se no trono ibérico o último descendente da linhagem dos Parnavázidas, segundo a crônica medieval. Mirian III casou-se com Nana, "filha de Oligotos do Ponto", segundo a crônica medieval, a qual tem sido identificada com uma filha do governador romano de Teodósia, no  reino do Bósforo, chamado Aurelius Valerius Sogus Olympianus, ou ainda o ainda o rei do Bósforo, Teotorses. Nana deu a Mirian III três filhos conhecidos: Rev II (que foi cogovernante e o sucedeu), Aspagur II (que também reinou posteriormente) e uma filha que se casou com o persa Peroz, éristhav da região de Godarene.
O rei Mirian III e a rainha Nana:
santos da Igreja Georgiana

Aproximação com o Império Romano
Como o Império Sassânida erigia-se como a grande potência do Oriente Médio, sua influência se entendeu a todo o Cáucaso, colocando a Ibéria, antiga aliada de Roma e agora vassala da Pérsia, em difícil situação. Em 299 no tratado conhecido como Paz de Nisibis entre o Império Romano e o Império Sassânida, foi reconhecida a suserania de Roma sobre a Armênia e a Ibéria. Mirian III teve o reconhecimento de  sua realeza pelos romanos (uma vez que fora entronizado à revelia de Roma) e rapidamente se adaptaram a esta mudança na situação política estabelecendo estreitas relações com o Império. Seu fillho mais velho, Rev,, casa-se com a filha do rei Tiridates III da Armênia, rei-cliente de Roma, e seu filho mais novo, Bakar (o futuro rei Aspagur II), vai para a corte imperial como refém (penhor de aliança) onde fica sob custódia do imperador Constantino I. Em 337, o rei persa Sapor II rompeu o tratado de paz com os romanos. Amiano Marcelino relata que o imperador Constâncio II enviou em 360 embaixadas com presentes caros para o rei Arsaces II da Armênia e Meribanes (Mirian) da Ibéria para garantir a sua lealdade durante o confronto com os Sassânidas.
Estudo e ilustrações de ruínas de um templo pagão em Armazi do início do século I
destruído durante o período de cristianização na primeira metade do século IV

Miran III, o Cristão
Santa Nino da Capadócia
Além das questões políticas havia as questões religiosas. Nesta época, o cristianismo no Império Romano crescia e ganhava influência e adeptos, principalmente no lado oriental, o lado mais próximo à Ibéria. No entanto, a religião ibérica era ligada à religião persa (o zoroastrismo) o que influenciava significativamente a situação política na Ibéria. Mirian pressionado por sacerdotes influentes não pôde inicialmente fazer contatos com o Império Romano. Contudo, Estados vizinhos (reinos da Cólquida e da Armênia) converteram-se ao cristianismo o que lhes deu oportunidade de se inserirem na proteção e influência do Império Romano e também em aliados da Ibéria sob a influência romana. Em 334, depois de assistir a sua própria esposa, a rainha Nana, sendo batizada pela  jovem missionária Nino da Capadócia e a implementação da comunidade cristã no seu reino, Mirian aproveita a oportunidade para romper com a influência persa e o intimidante sacerdócio zoroastriano.  De acordo com a lenda, quando caçava nas florestas próximas a sua capital Mtskheta, uma escuridão caiu sobre a terra e o rei ficou totalmente cego. Confuso e desesperado, o Mirian orou para o Deus de Nino pedindo ajuda. Após a oração, a luz retornou e Mirian pôde encontrar seu caminho novamente para Mtskheta. Quando de sua chegada, ele solicitou a audiência com Nino e converteu-se ao Cristianismo logo após.   Em 337, o rei Mirian III proclamou Cristianismo como a religião oficial da Ibéria proibindo o culto aos deuses pagãos.
Monastério de Jvari  em Mtskheta cuja fundação se atribui a Nino da Capadócia
 Sua conversão promoveu o crescimento do governo real central, que confiscou as propriedades dos templos pagãos e os deu aos nobres e à Igreja. As fontes georgianas medievais evidenciam o cristianimso se propagando na monarquia e na nobreza, mas sofrendo resistência do povo das montanhas. Após a conversão da Ibéria ao cristianismo, Mirian aconselhado por Nino, enviou um embaixador ao imperador Constantino I (307-337) e pediu-lhe para enviar missionários cristãos à Ibéria. Segundo escreve o historiador romano Tirânio Rufino, Constantino entusiasmado pela notícia da conversão dos iberos, enviou uma delegação de bispos e clérigos à corte do Rei da Ibéria. Constantino teria também alocado um espaço para a Igreja Ibérica em Jerusalém chamado Lotasa (onde o Convento de Santa Cruz foi construído). De acordo com algumas fontes, o Rei Mirian visitou Nova Roma (Bizâncio/Constantinopla) e encontrou-se com Constantino. Antes da sua morte, Mirian viajou a Jerusalém, onde ele supervisionou a construção de um mosteiro ibérico. Mirian foi enterrado em Mtskheta ao lado de sua esposa Nana e seu túmulo pode ser visto hoje na Igreja de Samtavro. Seu filho Rev II exerceu uma corregêngia com ele entre 345-361. No entanto, foi sucedido pelo neto Saurmag II.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

ASPAGUR I (265-284)

Aspagur I (em georgiano Asp'agur I, ასფაგურ I), também conhecido pelo nome latino Aspacures, é mencionado como 23º ou 25º rei da Ibéria em conformidade com as crônicas georgianas medievais. Filho de Mitrídates II (249-265), Aspagur foi o último rei da dinastia arsácida (Arshakiani) na Ibéria e reinou de 265 a 284. No ano de 224 a dinastia persa dos Sassânidas derruba a dinastia parta dos Arsácidas e passa a governar o planalto do Irã. É o fim do Império Parto e o começo do Império Sassânida. Os Sassânidas queriam restaurar a glória do antigo império persa sob a dinastia aquemênida (550 - 336 a.C.) e iniciaram uma campanha expansionista no Oriente. Aspagur, juntamente com os armênios, resistiu à expansão dos persas sassânidas no Cáucaso. Segundo as crônicas georgianas ele lutou ao lado do rei da Armênia, Cosaro (provavelmente Khosrov II) contra as forças persas de um rei chamado Kosravi (nome de reis persas, porém, posteriores ao período descrito). Seu reinado provavelmente também coincidiu com a tentativa de controle romano da região pelos imperadores Aureliano, Probo e Caro. Durante seu reinado ergueu ou restaurou a fortaleza de Ujarma (imagem abaixo).
Ujarma
Ele foi derrotado por uma invasão persa e morreu em exílio na Alania (terra dos alanos). De acordo com a crônica Vida dos Reis, ele foi o último de sua linhagem deixando como herdeira sua filha Abeshura. Com ele encerrou-se a dinastia dos Arsácidas na Ibéria. Quando de sua morte, os éristasvs (nobres) se reuniram em torno de Maïjan,o espaspeta (chefe militar), e acordaram em oferecer a jovem princesa Abeshura ao filho do rei persa Khosrov (Cosroes), Mirian, iniciando uma dinastia de origem persa, os Cosróidas ou Khosroviani. Deve se notar, porém, que o rei persa do período era Sapor I (241 - 272). Os reis persas chamados Khosrov/Cosroes só reinariam anos depois. As crônicas confundem os nomes dos reis persas não se sabendo ao certo o que aconteceu. O historiador Cyrill Toumanoff sugere que o Cosroes em questão não é o rei, mas um membro de uma antiga família da nobreza persa, os Mirânidas. De qualquer forma, Aspagur foi sucedido pelo persa Mirian que se casou com sua filha Abeshura.
Ruínas da fortaleza de Ujarma

FONTES:
http://en.wikipedia.org/wiki/Asphagur_I_of_Iberia
http://sitemaker.umich.edu/mladjov/files/ancient_georgian_rulers.pdf
http://www.revaz2002.narod.ru/ujarma/ujarma1.htm
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/7b/Ujarma_from_road_site.JPG

AMAZASPO III (ANTIRREI EM 260-265)

Amazaspo III (em georgiano Amazasp III, ამაზასპ III) é desconhecido da tradição literária georgiana medieval, embora as crônicas georgianas registrem dois reis anteriores chamados Amazasp (forma georgiana para o nome persa Hamazasp). No entanto, Amazaspo é atestado nas fontes epigráficas dos Sassânidas (a nova dinastia persa dominante no Irã) que reinaram no período. Possivelmente também pertencia a dinastia parta dos Arsácidas e sua atuação foi entre os anos de 260 e 265.

A inscrição trilíngüe encontrada no sítio arqueológico de Ka'ba-ye Zartosht (em Persépolis, imagem ao lado) lista a Ibéria entre vassalos da Pérsia (conhecida nesse período como Império Sassânida por causa da dinastia reinante dos Sassânidas, de origem persa, que restaurou o Império Persa após derrubar o Império Parto) e testemunha uma posição privilegiada da seu rei, Hamazasp, na hierarquia da corte sassânida em que ele segue o rei Ardashir de Adiabena, Ardashir, rei de Carmânia e a aainha Denag de Mesene e precede uma longa lista de príncipes, ministros e sátrapas das cidades reais. Amazaspo III e outros reis estão numa lista da qual se diz que estão sob a autoridade do rei sassânida. Cyril Toumanoff, professor da Universidade de Georgetown, sugeriu que Amazasp foi instalado pelo enérgico e imperialista rei sassânida Sapor (Shapur) I (reinou em 241-272) como um anti-rei em oposição ao rei Mihdat II (Mitrídates II, conhecido apenas nas crônicas medievais georgianas) possivelmente mais favorável aos romanos do que aos persas. Em outra inscrição sassânida, o sumo sacerdote Kartir Hangirpe (alto dignitário da corte persa) efetivamente alude a uma invasão persa à Ibéria e à Albânia algum tempo após 260. Amazaspo parece ter sido deposto do trono em 265, precisamente quando atividade imperialista de Sapor I definitivamente chega ao fim. Outros estudiosos identificam o Amazasp mencionado nas inscrições sassânidas com certo Habza, rei de Warucan, mencionado em textos maniqueístas descobertos na China.

FONTES:

MITRIDATES II (249-265)

Mitrídates II, nome latino pelo qual é mais conhecido o rei ibero Mirdat II (em georgiano მირდატ II) foi o 4º rei da dinastia arsácida na Ibéria e reinou de 249 a 265. Ele é conhecido exclusivamente a partir das crônicas georgianas medievais que o mencionam apenas como o 22º ou 24º na lista real da Ibéria e relatam que Mirdat era filho e sucessor de Bakur I.O professor Cyril Toumanoff teoriza que havia outro rei ibérico, Amazaspo III (r. 260-265), nesse momento, provavelmente instalado como um anti-rei por Sapor I, rei do recém-restaurado Império Persa, que substituiu o Império Parto como soberano das terras iranianas. Deve-se lembrar que a dinastia arsácida da Ibéria é de origem parta, povo que dominou os persas por séculos. Como os persas venceram os partos e passaram a ser os novos senhores do planalto do Irã e adjacências eles possivelmente viram nos arsácidas da Ibéria possíveis inimigos. A hipótese de Toumanoff baseia-se em inscrições persas do período não confirmadas na historiografia georgiana. Foi sucedido por seu filho Aspagur. 
A Ibéria durante o reinado de Mitrídates II

FONTES:
 http://fr.wikipedia.org/wiki/Mihrdat_II_d%27Ib%C3%A9rie

BAKUR I (234-249)

Bakur I (em georgiano ბაკურ I também conhecido pela forma latinizada Bacurius) foi o 3° rei arsácida da Ibéria sendo conhecido exclusivamente a partir das crônicas georgianas medievais que o mencionam como o 21º ou 23º na lista de reis da Ibéria. Os textos dizem apenas que Bakur era filho de Vache e que reinou 15 anos (234 a 249). Foi sucedido por seu filho Mitrídates II.
Reconstrução da muralha da cidadela de Armazi,
importante fortificação da Ibéria

FONTES:
http://en.wikipedia.org/wiki/Bacurius_I_of_Iberia
http://fr.wikipedia.org/wiki/Bakour_Ier_d%27Ib%C3%A9rie
http://www.twcenter.net/forums/showthread.php?570981-Kingdom-of-Kartli-(-Caucasian-Iberia-)

VACHE (216-234)

Vache I (ou Vatche ou Vach’e) foi  o segundo  rei da dinastia arsácida na Ibéria, filho de Rev I. Ele é conhecido exclusivamente a partir das crônicas georgianas medievais que o mencionam apenas como sendo o 20º ou 22º na lista real da Ibéria e que Vache reinou 18 anos.
Ruínas da fortaleza de Armazi, antiga residência dos reis da Ibéria

FONTES:

REV I, O JUSTO (189-216)

Evidencia da influência parta na Ibéria
Rev I, o Justo, (em georgiano Rev I Mart’ali [რევ I მართალი]) foi o primeiro rei da Ibéria da dinastia arsácida (Arshakiani), isto é, originária da casa real da Pártia, cujo um ramo governava também a Armênia. Ele é conhecido exclusivamente a partir dos anais georgianos medievais. Ele era  filho do rei da Armênia Vologeses II (186-191), descendente da dinastia arsácida da Pártia, com uma filha do rei ibero Farasmanes III e irmã do rei ibero Amazaspo II. Esse, após derrotar os invasores alanos, passou a agir tiranicamente além de se aproximar do Império Parto em detrimento do Império Romano, o antigo aliado da Ibéria. Isso deu azo para uma rebelião com apoio dos romanos e armênios. Rev foi entronizado por nobres ibéricos rebeldes que depuseram seu tio materno, Amazaspo II, último da linhagem Parnavaziani, da qual Rev também descendia por lado materno. Os textos georgianos relatam que Rev se casou com uma princesa "grega", Sefélia, que introduziu o culto da deusa Afrodite na Ibéria onde uma estátua lhe teria sido erigida em Mtskheta. Porém esse relato não é confirmado por outras fontes e não há indícios de nenhum culto a Afrodite na Ibéria. Além disso, nesse período não poderia haver nenhuma princesa grega tendo em vista que nessa época a Grécia não era um reino, mas uma província romana. Há um versão de que Sefélia fosse filha de um logotheta, isto é, secretário de Estado do Império Bizantino. De qualquer forma é uma informação anacrônica. A crônica georgiana Vida dos Reis diz que Rev, embora pagão, foi simpático às doutrinas do cristianismo e veio a ser conhecido como mart'ali, ou "o Justo" devido ao seu patrocínio a um local de culto para a embrionária comunidade cristã. Outra versão, afirma que ele teria ganho esse apodo após abolir os sacrifícios humanos na Ibéria. O historiador georgiano C. Toumanoff afirma que o epíteto “o justo” é frequentemente utilizado nos títulos reais dos reis arsácidas da Pártia. Portanto, o mesmo não teria origem em motivos religiosos, mas no seu vínculo com a Casa Real da Pártia. Foi sucedido por seu filho Vache.


FONTES:
http://fr.wikipedia.org/wiki/Rev_Ier_d%27Ib%C3%A9rie
http://en.wikipedia.org/wiki/Rev_I_of_Iberia
http://www.twcenter.net/forums/showthread.php?570981-Kingdom-of-Kartli-(-Caucasian-Iberia-)

domingo, 21 de dezembro de 2008

AMAZASPO II (185 – 189)

Amazaspo II (em georgiano Amazasp II [ამაზასპ II]) foi rei da Ibéria de 185 a 189 d.C. Durante seu breve reinado, cujas origens são discutidas, enfrentou os invasores alanos e se alinhou com a Pártia, abandonando a política pró-romana dos seus antecessores. Esta mudança de política causou sua derrubada por forças reacionárias e pró-romanas. Amazaspo II foi o último rei da Ibéria da dinastia parnavázida (Parnavaziani) e também da artaxíada (Artashesiani), já que era descendente de Parnavaz II. A versão do cronista georgiano Leonti Mroveli das origens da Amazaspo II é a mais comumente aceita pela comunidade historiográfica. De acordo com o bispo do século XI, o futuro rei é filho de Farasmanes III, que governou o reino da Ibéria entre os 135 e 161. A cronologia da sucessão entre os reis Ghadam, Farasmanes III e Amazaspo II é um tanto confusa ao se tentar conciliar as fontes antigas romanas e as fontes medievais georgianas. Há certo lapso de informações cronológicas entre 161 e 185 d.C. A irmã de Amazaspo II, cujo nome se desconhece, casou-se com o rei da Armênia, Vologeses II, e tiveram um filho: Rev, futuro rei da Ibéria. Uma descoberta epigráfica indica que Amazaspo II era casado com a rainha Drakontis, filha de Vologeses II.
File:Alagirskoe 28apr2011.jpg
Montanhas na região de Alagirsky, Ossétia do Norte,
de onde os alanos migraram para a Ibéria

Guerra contra os Alanos 
Guerreiro alano
Pouco depois do início do seu reinado, os alanos (povo nômade de origem sármata e chamados de ossetas nas crônicas georgianas) conquistaram a região de Dvaleti (atual Alagirsky na Ossétia do Norte) antes de atravessar as montanhas do Grande Cáucaso e estabeleceram-se no vale do rio Liakhvi na Ibéria. Amazaspo II permite a presença dos alanos em seu reino até conseguir reunir um exército. No entanto, apenas os governadores de Kakheti, de Khounan e de Samchvilde fornecem suas tropas ao spaspet (governador militar de Kartli).Os alanos marcham em direção a Mtskheta, capital da Ibéria, depois de uma semana de descanso e para conhecer as forças armadas ibéricas. As forças alanas consistem de 30 mil soldados e 10 mil cavaleiros. A batalha ocorreu em Sapourtzle, na região de Moukhran. Amazaspo vai lutar entre seus soldados conforme Leonti Mroveli, que relata que o rei ibero lutou com muita coragem com arco e flecha, e tal era a força de seu braço, que nenhuma armadura, por mais forte que fosse, resistia as suas flechadas.A batalha de Sapourtzle terminou em vitória para os iberos e os alanos tiveram perdas significativas (incluindo "cinco gigantes", mortos pessoalmente por Amazaspo). O rei e seus soldados, em seguida, retornaram à Mtskheta, onde durante a noite, eles recebem reforços de seus éristhavis (nobres que governavam as províncias da Ibéria). Mais tarde (no dia seguinte segundo Mroveli), iberos e alanos se enfrentaram mais uma vez em uma batalha não muito longe da capital, durante a qual o general alano Khouankhoua é morto pelo rei em um combate singular. No dia seguinte, com os novos reforços da cavalaria, Amazaspo II consegue finalmente derrotar o exército dos alanos matando seu rei. Os invasores se refugiaram além do Grande Cáucaso. Amazaspo, porém, continua a combatê-los por um ano antes de os derrotar e anexar suas terras.

A Queda do Rei 
Não obstante essas vitórias, Amazaspo II torna-se desagradável e se comporta como um tirano, matando vários nobres hostis ao seu governo. Quebrando a aliança que seus antecessores haviam assinado com a Armênia e o Império Romano, ele se vira para o Império Parto, o que irritou a nobreza do país. Assim, os éristhavis das províncias ocidentais da Ibéria (os governadores da Cólquida, de Odzrkhe, de Klardjeti e de Tsunda) rebelaram-se contra o rei e se aliançam com o rei armênio Vologeses II, o Império Romano e os alanos, esses ansiosos por vingança. Uma grande invasão à Ibéria logo ocorre. Tropas armênias, reforçadas por auxiliares romanos, intervém a partir do sul. Ao norte, os alanos se unem com tribos da Cólquida e partem para Mtskheta a partir de Tavcveri. Amazaspo II apela ao rei parto Vologases IV que envia reforços de tropas. Armênios, alanos e iberos rebeldes se encontram no vale do Pinezaouri em Goutis-Khevi. Amazaspo II reune suas tropas e uma batalha é travada. A tradição diz que o rei da Ibéria, embora lute com grande coragem, é morto em combate e seu exército derrotado. Rev, filho do rei da Armênia e sobrinho de Amazaspo Ii, foi estabelecido como o novo rei da Ibéria iniciando a dinastia parta dos Arsácidas (Arshakiani) na Ibéria. A casa real dos Arsácidas governava o Império Parto, a Armênia e agora a Ibéria.

FONTES:
http://en.wikipedia.org/wiki/Amazasp_II_of_Iberia
http://fr.wikipedia.org/wiki/Amazap_II_d%27Ib%C3%A9rie
http://sitemaker.umich.edu/mladjov/files/ancient_georgian_rulers.pdf
http://www.maderuelo.com/historia_y_arte/historia/histo_goda_vs_germano.html

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

FARASMANES III (135-161)

Farasmanes III (ou Parsman III ) foi um rei da Ibéria contemporâneo ao imperador romano Antonino Pio (138-161). De acordo com as crônicas georgianas medievais, Parsman tinha um ano de idade quando da morte de seu pai, Ghadam (135), a quem ele sucederia no trono. O reino ficou sob a regência de sua mãe Ghadana até ter atingido a idade legal para governar. Ele teve dois filhos: Amazaspo II, que o sucedeu, e uma filha que se casou com um rei da Armênia (Vologeses II). Há confusão cronológica nas fontes do período.
A Ibéria nos dias de Farasmanes III.



As fontes romanas evidenciam que Farasmanes teve relações amigáveis com Roma. De acordo com Dio Cássio, o rei ibero foi a Roma como convidado de Antonino Pio, juntamente com sua esposa, o filho e membros da nobreza ibérica; ele foi especialmente respeitado, sendo permitido sacrificar no Capitólio (célebre monte de Roma) e ter sua estátua equestre no templo de Belona (deusa da guerra).  Isto pode ter acontecido em 154. O evento deve ter visado fortalecer as relações de Roma com a Ibéria após o estranhamento entre o imperador Adriano e o rei Farasmanes II. O Imperador aumentou o território do seu reino, diminuído nos tempos de Adriano, e a Ibéria continuou como aliada dos romanos.
File:PodioTBellona.jpg
Ruínas do templo de Belona em Roma, onde uma estátua de Farasmanes III foi erigida.
 A Ibéria tinha uma posição geopolítica estratégica entre a Europa e a Ásia que a tornava uma aliada desejável dos romanos. O período levou a uma mudança importante no estatuto político do reino da Ibéria agora reconhecido como um aliado de Roma, em vez de seu antigo estatuto como um estado-cliente; a nova situação política manteve-se mesmo durante as hostilidades do Império com os partos, cujo reino era vizinho da Ibéria. A partir de Julio Capitolino, um dos autores da Historia Augusta, obra que narra a vida de vários imperadores romanos, Farasmanes III foi confundido com um antecessor seu, Farasmanes II. A cronologia da sucessão entre Ghadam, Farasmanes III e Amazaspo II é um tanto confusa ao se tentar conciliar as fontes antigas romanas e as fontes medievais georgianas. Há certo lapso de informações cronológicas entre 161 e 185 d.C.

FONTES:
http://en.wikipedia.org/wiki/Pharasmanes_III_of_Iberia
http://fr.wikipedia.org/wiki/Pharasman_III_d%27Ib%C3%A9rie

GHADAM (132-135)

Ghadam ou Adam foi um rei da Ibéria cujos três anos do reinado praticamente não são registrados nas crônicas georgianas medievais. Seu nome é indicado por estudiosos modernos como uma forma corrompida de Radamisto, um nome comum nas antigas famílias reais e nobres do Cáucaso. Segundo os anais georgianos, Ghadam foi o filho de Parsman, o bom, que é o Farasmanes II, o rei dos iberos registrado por Dio Cássio e alguns outros autores clássicos. Ele morreu após três anos de reinado, deixando como herdeiro seu filho de um ano de idade, Parsman (Farasmanes III). A regência ficou nas mãos de sua mãe Ghadana, filha do rei da Armênia Vologeses I, até sua maioridade. A cronologia da sucessão entre Ghadam e Farasmanes III é um tanto confusa ao se tentar conciliar as fontes antigas romanas e as fontes medievais georgianas.
Pompey's Bridge, Mtskheta
A ponte de Pompeu em Mtskheta, testemunho da presença romana na Ibéria
FONTES:
http://en.wikipedia.org/wiki/Ghadam_of_Iberia
http://fr.wikipedia.org/wiki/Rhadamiste_Ier_d%27Ib%C3%A9rie
http://www.my-world-travelguides.com/mtskheta-georgia.htm

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

FARASMANES II (116-132)

Farasmanes II (Parsman) foi um rei da Ibéria contemporâneo ao imperador romano Adriano (117-138). Ele é referido em várias fontes clássicas e pode ser identificado com Parsman Kveli, "o Valente" ou "o Bom", da tradição georgiana medieval. Os anais georgianos medievais relatam uma diarquia de Parsman K’veli com Parsman Avaz (outra fonte menciona no período: Rok e Mihrdat), mas vários pesquisadores modernos consideram a diarquia ibérica improvável por não ser corroborada por elementos contemporâneos. De acordo com as crônicas medievais georgianas, a amizade tradicional dos dois diarcas, Parsman K’veli e Parsman Avaz , foi mitigada pela esposa parta de Mihrdat. Segundo o historiador Toumanoff esta informação é uma retro projeção da inimizade histórica entre Farasmanes I da Ibéria e seu irmão Mitrídates da Armênia. A crônica narra a história de uma aliança entre a Armênia e Roma e sua invasão à Ibéria respaldada pelos partos em que Farasmanes II morre. De acordo com a literatura greco-romano contemporânea, Farasmanes II é o filho do seu antecessor, Amazaspo I. Ele casou-se com Ghadana, filha de um rei da Armênia (provavelmente Vologases I). Embora tenha apoiado o imperador Trajano na luta contra os partos, Farasmanes teve relações menos subservientes à vontade de Roma agindo com ousadia.
Ilustração moderna de Parsman II K'veli ou Farasmanes II
Ele recusou-se, "com arrogância desdenhosa" segundo as fontes, em 129 a prestar homenagem ao Imperador Adriano que visitava a Ásia Menor. apesar do Imperador ter-lhe enviado os maiores presentes — incluindo um elefante — fato que o distinguiu de qualquer outro rei do Oriente em relação à Roma. Farasmanes retribuiu o presente a Adriano com 300 capas bordadas a ouro. Este as vestiu em criminosos e os mandou para a arena, numa ridicularização do presente de Farasmanes. Em 136 o rei armênio Vologeses I envia uma embaixada a Roma para reclamar de Farasmanes II por este ter permitido aos alanos (povo bárbaro do Cáucaso) que atravessassem seu país de mod que os alanos puderam entrar na Armênia e em províncias romanas vizinhas e causar grandes estragos. Eventualmente, as fontes antigas relatam uma visita altamente honrada de Farasmanes da Ibéria ao sucessor de Adriano, Antonino Pio. Este Farasmanes, no entanto, teria sido Farasmanes III, possível neto Farasmanes II.

FONTES:
http://en.wikipedia.org/wiki/Pharasmanes_II_of_Iberia
http://fr.wikipedia.org/wiki/Pharasman_II_d%27Ib%C3%A9rie

AMAZASPO I (106-116)

Amazaspo I (em georgiano Amazaspi, ამაზასპი) foi um rei da Ibéria cujo reinado é colocado no início do século II pelas crônicas medievais georgianas. O Professor Cyril Toumanoff sugere as datas de 106-116 como os anos de seu reinado e o considera ser o filho e sucessor de Mitridates I da Ibéria. As crônicas georgianas relatam dez anos de diarquia de Amazaspo juntamente com Derok (Deruk). Amazaspo fez de Armazi sua sede, enquanto a sede de Derok estava em Mtskheta. Muitos acadêmicos modernos, no entanto, consideram a diarquia ibérica uma lenda e argumentam que Amazasp foi o único rei do período. Uma inscrição grega encontrada em Roma menciona um epitáfio de Amazaspo, que é nomeado como irmão do Rei Mitridates da Ibéria: "O llustre parente do rei Amazaspo, o irmão do rei Mitrídates, nativo dos países próximos das portas do Mar Cáspio, ibero, filho de ibero, é enterrado aqui ..." Morreu em Nisibis ao participar da campanha do imperador romano Trajano contra os partos.

FONTES:
http://en.wikipedia.org/wiki/Amazasp_I_of_Iberia
http://fr.wikipedia.org/wiki/Amazap_Ier_d%27Ib%C3%A9rie
http://pix.ge/x/b/c/yzp2f/

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

MITRADATES I (58 – 106)

Mitridates (também conhecido como Mihrdat) foi rei da Ibéria cujo reinado é corroborado por material epigráfico, porém cuja identificação por outras fontes é duvidosa e controversa. Filho mais novo do rei Farasmanes I, seu reinado ocorreu entre os anos de 58 e 106 da era cristã segundo o historiador Cyril Toumanoff.  Duas inscrições na antiga cidadela de Armazi, ao noroeste de Mtskheta, uma bilígue em aramaico e grego, e a outra em grego o mencionam. A primeira identifica Mitridates (Mihrdat) como o filho do Grande Rei Farsamanes (Parsman), aparentemente o Farasmanes da Ibéria citado nos Anais de Tácito. A inscrição em grego fala de Mitridates como "o amigo dos Césares" e o "rei dos iberos que amam os romanos". Também relata que o imperador romano Vespasiano fortificou Armazi para o rei ibérico em 75.
File:Armazi Citadel ruins, Georgia.jpg
Ruínas da cidadela de Armazi
Mitridates é ignorado pelas crônicas georgianas medievais, que em vez dele, relatam o governo conjunto (diarquia) de Kartam (Kardzam) e Bartom (Bratman) tempo em que, quando da destruição de Jerusalém pelos romanos em 70, vagas de judeus refugiaram-se na Ibéria. Isso teria acontecido também nos dias de seus filhos – Parsman e Kaos – e netos – Azork e Armazel. Vários pesquisadores modernos, tais como Cyril Toumanoff, consideram a diarquia ibérica uma lenda e uma memória deformada do histórico reinado de Mitridates I. Alguns estudiosos identificam Azorki e Armazel não como reis, mas como lugares. "Azork" seria o nome de um local do período de Mitridates e "Armazel" um epíteto territorial significando em georgiano "de Armazi." Há outra inscrição grega encontrada em Roma: um epitáfio de Amazaspo, que é nomeado como irmão do rei Mitridates da Ibéria. A inscrição registra a morte de Amazaspo em Nisibis, quando acompanhava o imperador Trajano em sua campanha contra os partos em 114-117.
Reconstrução da cidadela de Armazi
Alguns acadêmicos modernos identificam Mitridates com um certo rei Flávio Dades, conhecido a partir de uma única inscrição grega em um grande prato de prata encontrado em Armazi. O prato era parte do inventário de um rico sepultamento romano conhecido como "o sepulcro de Bersoumas ". Bersoumas seria um alto dignitário romano a quem, dizem as inscrições, esta peça foi dada pelo rei Flávio Dades. Não existe menção na tradição escrita da Geórgia medieval a tal rei Flávio Dades parecendo apenas um nome romano atestado na casa real ibérica, evidentemente, indicando a concessão de cidadania romana. De qualquer forma Mitridrates I parece ter sido um rei ibero aliado dos romanos em cujo reinado judeus fugidos de sua destruída capital penetraram no reino da Ibéria levando a semente da crença no Deus único. Embora o lugar de Mitrídates I na cronologia dos reis da Ibéria seja controverso, ele foi sucedido no governo por seu filho Amazaspo I.

FONTES:
http://en.wikipedia.org/wiki/Mithridates_I_of_Iberia
http://fr.wikipedia.org/wiki/Mihrdat_Ier_d%27Ib%C3%A9rie
http://www.twcenter.net/forums/showthread.php?570981-Kingdom-of-Kartli-(-Caucasian-Iberia-)
http://en.wikipedia.org/wiki/Armazi

domingo, 7 de dezembro de 2008

RADAMISTO: PRÍNCIPE DA IBÉRIA, REI DA ARMÊNIA

Radamisto (também conhecido como Ghadam) foi um príncipe ibérico que reinou brevemente na Armênia entre 51-55 d.C. Considerado um usurpador e um tirano, ele foi derrubado em uma rebelião patrocinada pela Pártia. Episódios de sua vida inspiraram algumas obras de arte. Embora não tenha sido um rei da Ibéria sua trajetória foi politicamente marcante para este reino.
Radamisto, filho do rei Pharasmanes (Parsman) I da Ibéria, era conhecido por sua ambição, boa aparência e valentia. Pharasmanes, receando uma usurpação pelo seu filho, convenceu Radamisto a fazer guerra contra seu tio, o Rei Mitridates da Armênia, irmão de Pharasmanes e pai da esposa de Radamisto, Zenóbia.
Abaixo o ator Luca Pisaroni interpretando Radamisto na obra homônima de Haendel.



Os iberos invadiram a Armênia com um grande exército e forçaram a retirada de Mitridates para a fortaleza de Gorneas (próxima a atual Erevan, capital da Armênia), que era uma guarnição romana sob o comando de Célio Pollio. Pollio, seduzido por suborno de Radamisto, permite uma entrevista entre Mitridates e seu sobrinho. Entretanto, Radamisto executa Mitridates e seus filhos apesar de uma promessa de não-violência e se torna rei da Armênia (51).
Roma decidiu não ajudar os seus aliados armênios, exigindo apenas nominalmente de Pharasmanes que os iberos se retirassem da Armênia. Porém, o governador romano da Capadócia, Peligno, invade a Armênia; sendo subornado por Radamisto retira-se do país. O governador da Síria Quadrato envia uma força para restaurar a ordem, mas a mesma teve que ser detida para não se provocar uma guerra com a Pártia, cujo rei Vologases, não conformado com a usurpação de Radamisto, aproveitou a oportunidade para enviar seu exército à Armênia, expulsando os iberos e instalando no trono a Tiridates, seu genro (53).
Uma epidemia de inverno forçou os partas a abandonar a Armênia, permitindo que Radamisto retornasse. Ele puniu como traidores as cidades armênias que tinham se entregue aos partas. Eclodiu-se uma revolta geral dos armênios que reivindicaram o príncipe parta Tiridates e Radamisto teve de fugir juntamente com sua esposa grávida, Zenóbia. Segundo o historiador romano Tácito, não sendo possível fazer um longo percurso a cavalo, Zenóbia convence o marido a matá-la no caminho para que não caia nas mãos dos seus perseguidores.
Abaixo Radamisto ferindo Zenóbia por Luigi Sabatelli, 1803.




Embora apunhalada e deixada às margens do rio Araxes, ela sobreviveu e foi encontrada por alguns pastores.
Abaixo Zenóbia encontrada pelos pastores às margens do Araxes por William-Adolphe Bouguereau, 1850.



Eles entregaram Zenóbia à corte de Tiridates que, apesar doss antigos temores dela, a recebeu gentilmente e tratado-lhe como uma rainha.
Radamisto consegue regressar a Ibéria. No entanto, ele foi rapidamente condenado à morte por seu pai, e sob aprovação de Roma, por estar tramando para usurpar-lhe o trono.
A história de Radamisto inspirou à Arte.
Georg Friedrich Handel compôs a ópera Radamisto (1720) com libreto do Nicola Francesco Haym, baseado na história de Lalli Domenico.
Duas óperas intituladas Zenobia baseadas no libreto de Pietro da Metastasio foram compostas por Giovanni Bononcini em 1737 e por Johann Adolph Hasse em 1761.
A descoberta de Zenobia ferida e inconsciente à margem do Rio Araxes é objeto de pinturas clássicas de Bouguereau, Paul Baudry e Nicolas Poussin.

Fontes: Wikipedia, a enciclopédia livre. Versões em inglês e catalão.
Imagens: Wikicommons.

sábado, 6 de dezembro de 2008

FARASMANES I (1 a.C. - 58)

Parsman I foi um rei da Ibéria que reinou entre o ano 1 a.C. e o ano 58 d.C. tendo destacado papel na geopolítica romana no Oriente. Ele é mais conhecido por seu nome na historiografia romana: Farasmanes  (da forma latinizada de Parsman, Pharasmanes). Entretanto, as crônicas medievais georgianas assinalam para esse período outro rei: Aderki. Da família de Parsman/Farasmanes/Aderki sabe-se quer tinha um irmão, Mitrídates da Armênia, dois filhos, Radamisto e Mitrídates, e uma filha que casou-se com seu tio Mitrídates.
A Ibéria e seus vizinhos: A Cólquida (Colchis). a Albânia e a Armênia
Farasmanes ou Aderki?
Segundo essas crônicas no reinado de Arshak II (20 - 1 a.C.) eclode uma guerra civil entre o rei, da casa real dos Parnavázidas, e Aderki (ou Rok), herdeiro da casa real dos Artaxíadas da Ibéria, a dinastia anterior. Em 3 a.C (ou no ano 1 a.C. segundo o historiador Cyril Toumanoff), Aderki, filho de Kartam, genro e herdeiro do rei Parnavaz II (63 - 30 a.C.), decide recuperar o trono que seria de seu pai se Parnavaz II não fosse deposto em 30 a.C. Educado na Síria e aliado dos armênios, Aderki adentra na Ibéria para enfrentar Arshak II, que se defende reunindo todas as tropas do reino, as quais ainda ele acrescenta reforços dos partos. Os dois exércitos encontraram-se em Tsalka em Trialeti. Mas, em vez de uma batalha, os dois generais decidem competir em um duelo. O primeiro dia da peleja transcorre bem, embora sem ter um vencedor. No dia seguinte, entretanto, Arshak II é derrotado e morto no combate de arco. Aderki então se proclamou rei da Ibéria, um vassalo do reino de Armênia e de do Império Romano. O cronista medieval Leôncio Mroveli também relata que o novo monarca conseguiu ganhar a aceitação do exército ibérico por causa de seu vínculo ancestral, ainda que remoto e pelo ramo feminino, com as dinastias dos Parnavázidas e Artaxíadas.
Fragmento ibero de peça decorativa encontrada Mtskheta
No reinado de Aderki, se diz ter surgido as primeiras comunidades cristãs na Geórgia (então Kartli/Ibéria) oriundas do trabalho missionário do apóstolo André e a viagem dos judeus de Mtskheta a Jerusalém, os quais testemunharam a crucificação de Jesus e trouxeram o manto sagrado de Cristo para a Ibéria segundo a tradição georgiana. Segundo as crônicas da Geórgia, Aderki dividiu seu reino entre seus dois filhos, Kartam (Kardzam) e Bartom (Bratman), inaugurado uma diarquia na Ibéria que iria durar cinco gerações. Muitos acadêmicos modernos, contudo, duvidam da existência de uma diarquia, pois outras fontes contemporâneas testificam apenas um único monarca. Para o período de Aderki, a historiografia romana que trata do período relatada sobre um rei da Ibéria, aliado dos romanos, chamado Farasmanes. O historiador russo-georgiano Cyril Toumanoff provisoriamente sugeriu a identificação de Farasmanes com Aderki  das crônicas georgianas medievais. Isso pode ser compatível, não obstante a diferença de nomes e outros detalhes, uma vez que as crônicas focam a ascensão e o aspecto religioso do reinado enquanto que a crônica romana foca o papel do rei ibero na guerra pela conquista da Armênia.

A Ibéria vai à Guerra
O Império Romano e o Império Parto disputavam há décadas o controle sobre o reino da Armênia , cuja localização estratégica fazia-a um estado-tampão entre as duas potências. Enquanto o reinado de Artaxias III Zenon (18 - 34 d.C.) foi marcado por um período de estabilidade sob protetorado romano, a instabilidade recomeça com sua morte (34 d.C.). Tal instabilidade se deveu ao regime feudal armênio, onde as grandes famílias se posicionavam a favor de um ou o outro pretendente ao trono, de acordo com a orientação pró-romana ou pró-parta, e de certa forma se beneficiam com essa anarquia. Após a morte de Zenon, o rei parto Artabano II impõe como rei aos armênios seu filho mais velho, Arsaces, colidindo com a política de Roma que exerce um protetorado sobre a Armênia desde c. 65 a.C. Na corte armênia, o partido romano envenenou Arsaces. O imperador romano Tibério se vale então de Farasmanes I, aliado de Roma, para interferir na Armênia resultando um curto período de guerra, durante o qual os romanos suscitam a invasão da Armênia pelas forças do reino da Ibéria. Artabano II envia para a Armênia a Orodes, outro filho seu que já se sentara no trono armênio entre 16 e 18 d.C. Em contrapartida, Farasmanes chama em seu auxílio mercenários albânios e sármatas e invade a Armênia. As tropas de Orodes são postas em fuga, depois que seu líder foi ferido. Farasmanes capturou Artaxata, a capital armênia, em 35 d.C. Enquanto isso, Lúcio Vitélio, legado romano (general) da Síria leva as legiões romanas para além do rio Eufrates, entrando em território parto, onde eles se movem sem encontrar qualquer oposição real.
File:Roman East 50-en.svg
Os reinos da Ibéria e Armênia em cerca de 50 d.C.
 Para superar esta crise, o príncipe ibero Mitrídates, irmão de Farasmanes,  se instalou firmemente no trono da Armênia e Artabano II está prestes a perder o seu uma vez que os nobres partos se revoltaram contra ele. Artabano se refugia em Adiabene com o rei Izates II, teoricamente vassalo da Armênia. Após a morte de Tibério (março de 37), Calígula, muda o rumo da política romana para os armênios. Sem razão conhecida, o novo imperador convocou Mitrídates a Roma e o depõe de sua realeza. Artabano II retorna à Pártia para recuperar seu trono com o apoio do rei de Adiabene e aproveita a oportunidade para reocupar a Armênia onde instala o sátrapa (governador) Demonax. Assim, os romanos perdem a Armênia após anos de lutas diplomáticas e militares. O governo de Demonax seguiu aparentemente tranquilo até 41 quando Calígula foi assassinado e o novo imperador, Cláudio, retomou a política de protetorado sobre a Armênia. Por volta do ano 41, ele reenvia Mitrídates à Armênia que, com a força conjunta das tropas romanas com as de seu irmão Farasmanes, reconquistou o país sem resistência dos armênios após a expulsão de Demonax. Para assegurar o protetorado romano na região, uma guarnição romana mudou-se para Gornae (provavelmente Garni, perto de Yerevan). Mitrídates retornava assim a um segundo reinado na Armênia.

O Ambicioso Filho de Farasmanes
Porém, em 51, Farasmanes I, querendo afastar da corte ibérica a seu ambicioso filho Radamisto trama contra seu irmão Mitrídates para substituí-lo no trono da Armênia por seu filho. Os iberios invadiram a Armênia com um grande exército e forçaram a retirada de Mitridates para a fortaleza de Gornae onde a guarnição romana estava sob o comando de Célio Polio. Polio, seduzido pelo suborno de Radamisto, permitiu uma entrevista entre Mitrídates e seu sobrinho. Entretanto, Radamisto executou Mitridates e seus filhos apesar de uma promessa de não-violência e se assim se tornou rei da Armênia (51 d.C.). Roma decidiu não ajudar os seus aliados armênios, exigindo apenas nominalmente de Farasmanes que o exército ibero se retirasse da Armênia. Porém, o governador romano da Capadócia, Peligno, invade a Armênia; sendo também subornado por Radamisto, retira-se do país, reconhecendo, mesmo sem o aval imperial, a Radamisto como rei armênio.
Reino de Armenia durante la epoca de la intervención de Corbulón.
O governador da Síria, Quadrato, envia uma força para restaurar a ordem, mas a mesma teve que ser detida para não se provocar uma guerra com a Pártia, cujo rei Vologases, não conformado com a usurpação de Radamisto, aproveitou a oportunidade para enviar seu exército à Armênia, expulsando os iberos e instalando no trono a Tiridates, seu genro (53 d.C.). Uma epidemia de inverno forçou os partos a abandonar a Armênia, permitindo que Radamisto retornasse. Ele puniu como traidores as cidades armênias que tinham se entregue aos partas. Eclodiu-se uma revolta geral dos armênios que reivindicaram o príncipe parto Tiridates como seu rei e Radamisto teve de fugir novamente para a Ibéria. Receando a ambição de seu filho e querendo apaziguar o descontentamento romano com as ações de seu filho, Farasmanes condenou Radamisto a morte. Em 58 Farasmanes I falece e seu filho Mitrídates o sucede.

FONTES:
http://fr.wikipedia.org/wiki/Pharsman_Ier_d%27Ib%C3%A9rie
http://en.wikipedia.org/wiki/Pharasmanes_I_of_Iberia
http://osreisdaarmenia.blogspot.com.br/2012/10/mitridates-i-35-37-e-41-51-dc.html
http://osreisdaarmenia.blogspot.com.br/2012/10/demonax-satrapa-parto-37-41-ac.html
http://pix.ge/x/b/h/zmxf9/
http://osreisdaarmenia.blogspot.com.br/2012/10/tiridates-i-primeiro-reinado-54-60-dc.html
http://osreisdaarmenia.blogspot.com.br/2012/10/radamisto-tambem-conhecido-como-ghadam.html

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

ARSHAK II (20 - 1 a.C.)

Arshak II (em georgiano არშაკ) é também conhecido como Arsuk (არსუკ) ou Artaxias II. Herdou o trono de seu pai, Mirian II. De acordo com as crônicas georgianas, ele seria um descendente do mítico Nimrod através de seu pai, e de Parnavaz I por sua mãe. Arshak II procurou corrigir problemas internos de seu país e atuou no sentido de afirmar a independência da Ibéria em relação ao Império Romano, contando certamente com  o apoio do Império Parto. Arshak II começa seu reinado de 20 anos como reformador de um país que recentemente fazia valer sua independência da interferência romana. Chamado de gigante alto e robusto pelas crônicas georgianas, é atribuído a Arshak II o embelezamento da cidade Nencar ou Necressi  em Kakheti, e a fortificação de Uplistsikhe. A crônica Conversão de Kartli diz que Arshak II ele combateu uma invasão do povo kaspi e restabeleceu a ordem em Uplistsikhe. O historiador Kalistrat Salia menciona mudanças  significativas durante o reinado de Arshak II. Segundo ele, o fim do século I a.C.  vê as províncias ibéricas tornarem-se independentes do ponto de vista econômico. As diferenças são particularmente importantes entre a economia das planícies e a ds regiões montanhosas. A cultura das planícies se desenvolve muito mais rápido do que nas montanhas, dando ao governo central mais influência sobre as principais vias do Cáucaso. No norte, como Dvaleti ou Khevsureti, as províncias montanhesas estão organizadas em comunidades tribais e Mtskheta mantém  uma dominação quase que nominal nestas províncias.
File:Uplistsikhe ruins.JPG
Ruínas num rochedo em Uplistsikhe, Geórgia
Não obstante, seus esforços centralizadores, o reinado de Arshak II acaba por ser dominado pela guerra civil entre o rei e herdeiro da casa real dos Artaxíadas da Ibéria, a dinastia anterior. Em 3 a.C (ou no ano 1 a.C. segundo o historiador Cyril Toumanoff), Aderki (ou Farasmanes), filho de Kartam, genro e herdeiro de Parnavaz II, decide recuperar o trono que seria de seu pai se Parnavaz II não fosse deposto em 30 a.C. Educado na Síria e aliado dos armênios, Aderki adentra na Ibéria para enfrentar o rei Arshak II, que se defende reunindo todas as tropas do reino, as quais ainda ele acrescenta reforços dos partos. Os dois exércitos encontraram-se em Tsalka em Trialeti. Mas, em vez de uma batalha, os dois generais decidem competir em um duelo. O primeiro dia da peleja transcorre bem, embora sem ter um vencedor. No dia seguinte, entretanto, Arshak II é derrotado e morto no combate de arco. Farasmanes/Aderki então se proclamou rei da Ibéria, um vassalo do reino de Arménia e de Roma. Leôncio Mroveli também relata que o novo monarca conseguiu ganhar a aceitação do exército ibérico por causa de seu vínculo ancestral, ainda que remoto e pelo ramo feminino, com as dinastias dos Parnavázidas e Artaxíadas. O historiador russo-georgiano Cyril Toumanoff especialista na história da Geórgia identifica Aderki com o rei Farasmanes I da Ibéria, bem conhecido na literatura romana.

FONTES:
http://fr.wikipedia.org/wiki/Artaxias_II_d%27Ib%C3%A9rie
http://en.wikipedia.org/wiki/Arshak_II_of_Iberia
http://en.wikipedia.org/wiki/File:Uplistsikhe_ruins.JPG